Publicado
4 anos atrásno
Por
Alessandro Nuñes
O Parque Nacional de Yellowstone é um dos maiores e mais conhecidos dos Estados Unidos. O local é tão grande que está localizado dentro de três estados do país: Idaho, Montana e Wyoming. Lá, talvez, seja o único lugar do mundo onde possa vir a acontecer o “crime perfeito”.
Agora pasme: existe um pequeno pedaço do lugar no qual é possível cometer um assassinato e sair impune, sem maiores consequências.
Tudo começou em 2007, quando o livro ‘Free Fire’, do autor C.J. Box, afirmou que existe uma porção de 80 quilômetros quadrados do parque que está além do limite da lei.
A obra, na realidade, se inspirou em um artigo publicado em 2005 por Brian Kalt, professor de direito da Universidade de Michigan.
No final de 2004, Kalt estava prestes a se tornar pai e desejou publicar um último artigo antes do nascimento do filho. Ele queria escrever sobre áreas que possuíam brechas na lei, até descobrir tal lugar do Parque de Yellowstone.
“Quanto mais eu pesquisava, mais ficava interessado. As pessoas tem essa fascinação em encontrar uma brecha para cometer os crimes perfeitos. Existem vários tipos de abordagem. Mas em termos de geografia, existe apenas um lugar”, afirmou Kalt.
E como funcionaria o ‘crime perfeito’?
Para explicar como os crimes aconteceriam, vamos supor que duas pessoas estejam caminhando na parte do parque localizada no estado de Idaho. Elas acabam brigando, uma mata a outra. O assassino opta por admitir o que fez, ao invés de esconder tudo.
Segundo o Artigo III da Constituição dos Estados Unidos, julgamentos em estâncias federais devem ser realizados no estado em que o crime foi cometido.
Yellowstone é um parque federal, mas como está localizado em três estados diferentes, o Wyoming foi designado para representá-lo nessa esfera.
Já a Sexta Emenda diz que o júri escolhido para o julgamento deve ser composto por pessoas que habitem no estado onde aconteceu o crime, no caso, Idaho.
É justamente esse o problema. Apesar de ser julgado por Wyoming, é preciso que o júri seja composto por residentes do distrito do estado onde aconteceu o crime, que é Idaho. Acontece que aquela parte do parque é completamente desabitada.
Portanto, não haveria pessoas para montar o júri e o assassino poderia se livrar do julgamento sem qualquer dificuldade. Além disso, por ser uma área federal, o estado não tem qualquer tipo de jurisdição sobre quaisquer crimes cometidos.
Sem solução
Kalt, claro, se preocupou bastante com o conteúdo de seu artigo, já que revelava um local no qual era possível matar alguém e sair impune. Para evitar problemas, antes de publicá-lo, mandou cópias para o Departamento de Justiça, advogados de Wyoming e até para o comitê judiciário do Senado e da Câmara.
Kalt chegou até mesmo a propor uma solução para o problema: dividir Yellowstone em três distritos federais, no qual cada um dos três estados ficaria responsável por sua parte. Mas ele disse que mal teve uma resposta e que, muitos anos depois, o problema ainda persiste.
“Eu inocentemente pensei que uma vez que o Congresso soubesse disso, eles imaginariam que esse é um problema que vale a pena ser consertado e que o fariam. Mas nada acontece em Washington por ser uma boa ideia”, disse Kalt.
Reação da mídia
Quando o artigo foi publicado, a mídia fez questão de divulgar seu conteúdo sobre o tal crime perfeito. Ele chegou a ser reportagem até de um jornal japonês. Foi desta forma que C.J. Box descobriu a história e pensou que seria um ótimo enredo para um livro.
‘Free Fire’ chegou a fazer parte da lista de mais vendidos do jornal The New York Times. Mesmo após tantos anos, continua popular.
“Toda vez que saio em tour, alguém me pergunta do livro. Ele é vendido em toda Yellowstone, o que eu acho interessante. As pessoas ainda o compram incessantemente”, disse Box.
Criador de conteúdo, Editor de Vídeos e as vezes comediante Um amante da fotografia e vídeos cômicos Criando a vida dos meus sonhos um dia de cada vez Você não sabe o quanto eu caminhei… Para chegar até aqui…