Publicado
4 anos atrásno
O filme amazonense “Seo Geraldo-Homem de Planta e Terra” foi selecionado para a 6ª edição EGBÉ – Mostra de Cinema Negro de Sergipe 2021. Dirigido pela multiartista Keila Serruya Sankofa em parceria com o diretor paraense Sindri Mendes, o curta relata a vida de seu Geraldo, um dos moradores mais antigos de sua comunidade, e memória viva de uma Bahia profunda que resiste e sustenta seus mistérios.
O evento ocorre de maneira remota (@mostradecinemanegrosergipe) , através de lives, oficinas de roteiro, produção de filmes, e uma grande aula com o tema “Memória encruzilhada” com Safira Moreira, além da 6ª Mostra de Cinema Negro de Sergipe, e a Mostra Africana “Memórias em trânsito, infâncias e afetos em África”.
“Esse documentário registrou um encontro precioso que tive com o Sr Geraldo, ele é músico, rezador e compositor. Uma pessoa cheia de axé. Fico muito feliz por mais esse espaço de exibição, filmes são feitos para serem vistos. E esse do seu Geraldo é uma obra de encher o olho de alegria”, diz Keila Serruya Sankofa.
Gravado na Bahia, na casa de barro do seu Geraldo, localizada no centro da paradisíaca ilha de Boipeba, onde não circulam carros, a vida de seu Geraldo, traz a memória pulsante de seus ancestrais, desde o aprendizado com as plantas, à sua trajetória com a música.
Sobre a mostra – Desde a sua primeira edição, a Mostra busca abrir janelas para o cinema negro, levando essas narrativas, também, para o interior do estado de Sergipe, reforçando a autoestima preta das populações aonde o cinema sequer chega. A Egbé se tornou um espaço de aquilombamento, um espaço para conhecermos o que os cineastas têm criado, as histórias que têm contado, e como essas narrativas ajudam a entender o lugar que ocupamos hoje.
Para 2021, a Mostra de Cinema Negro de Sergipe – EGBÉ escolheu como tema a celebração da memória afetiva, porém este é um desafio num país que teve, em 2019, ao menos 4.971 crianças e adolescentes mortos de forma violenta. É o que mostra o 14º Anuário Brasileiro de Segurança Pública. O número representa 10% do total de mortes violentas do ano passado, em 2020 (47.773).
Com números aterrorizantes como esses, como então celebrar o lugar dessa infância que virou alvo na rotina brasileira? Como dirimir tal fruto do racismo que faz de nossas crianças negras escolha de “balas perdidas”? A EGBÉ acredita no cinema como forma de transformação social e por isso busca narrativas que desloquem o alvo, mudando a direção do olhar social, às vezes comovido e apático, às vezes cego para a violência real a que nossas crianças negras são expostas.
Sou o idealizador do No Amazonas é Assim e um apaixonado pela nossa terra. Gravo vídeos sobre cultura, comunicação digital, turismo e empreendedorismo além de políticas públicas.