Publicado
4 anos atrásno
Por
Jussara Melo
Eliziane Figueiredo, de 15 anos, está livre da leucemia. Ela faz parte de uma estatística que afere o percentual de até 80% de chances de cura quando o diagnóstico da doença é dado precocemente. Na tarde desta quarta-feira (07/04), o fim da luta da adolescente contra o câncer foi celebrado ao som do sino da cura, que fica na recepção da Fundação Hospitalar de Hematologia e Hemoterapia do Amazonas (Hemoam), unidade de saúde referência no diagnóstico e tratamento de doenças hematológicas e onco-hematológicas.
“A sensação é de vitória e liberdade”, disse Eliziane, após bater o sino. Ela contou que foram 11 anos de batalha contra a Leucemia Linfóide Aguda (LLA), tipo de câncer que afeta por ano 2,6% da população brasileira, de acordo com o Instituto Nacional do Câncer (Inca). A LLA também é o tipo de câncer mais comum em crianças, na faixa etária de 0 a 9 anos de idade, segundo a entidade.
A origem da leucemia ainda é desconhecida pela ciência, e a melhor forma de vencê-la é pelo diagnóstico e tratamento precoce, como ocorreu no caso de Eliziane. “Assim que os médicos desconfiaram das febres incessantes, dores no peito e cansaço excessivo, ela foi encaminhada para o Hemoam”, relatou o pai da menina, Francinaldo Pereira Machado, 46. Bastou um simples hemograma para identificar que alguma coisa estava errada com a saúde da criança.
O diagnóstico aconteceu em 2009. Eliziane tinha pouco mais de 2 anos. No mesmo dia em que o hemograma apresentou alterações ela foi submetida a exames mais específicos, que comprovaram a leucemia.
“Foi tudo muito rápido. No dia seguinte minha filha foi internada no Hemoam”, contou o pai, relembrando que, a partir daquele momento, a vida da família mudou completamente. “Larguei tudo, emprego, minha casa e tudo que tinha em Parintins para ficar em Manaus. Mas tudo isso está sendo recompensado com a cura da Eliziane”, comemorou.
A médica hematologista e diretora-presidente do Hemoam, Socorro Sampaio, alerta que a leucemia é uma doença que afeta a medula óssea, onde são produzidos todos os componentes do sangue. Os sintomas podem se confundir facilmente com enfermidades menos graves, tais como as viroses. “Isso pode afastar o paciente do diagnóstico correto”, disse.
Como suspeitar da leucemia – Sampaio explicou que, quando a medula (fábrica do sangue) começa a produzir células cancerígenas, os sintomas podem variar desde uma anemia, sensação de fraqueza, febre, inchaço na região do abdômen, nódulos no pescoço, manchas escuras na pele que lembram um machucado, dores nas pernas, sangramentos e até inflamações.
“Tanto o adulto quanto os responsáveis pelas crianças devem ficar atentos a esses sintomas. Um diagnóstico precoce nos permite aplicar o protocolo de combate às células leucêmicas com mais eficácia, aumentando as chances de cura para até 80%”, orientou a especialista.
Em 2020, o Hemoam diagnosticou 170 novos casos de câncer no sangue. A maioria dos casos foram de LLA, com 68 ocorrências; em segundo lugar, a Leucemia Mieloide Crônica (22 casos), e em terceiro, a Leucemia Mieloide Aguda (14 casos). A Fundação Hemoam também trata os linfomas, câncer que afeta o sistema linfático. No ano passado, foram registrados 42 novos casos de linfoma.
Quimioterapia x transplante – O tratamento das leucemias e dos linfomas é realizado principalmente com quimioterapia. A administração dos quimioterápicos é a prioridade, e eles apresentam maior taxa de cura na maioria dos casos, de acordo com os especialistas. As chances de cura com a quimioterapia variam de 50% a 80%, dependendo do caso.
“O transplante de medula é indicado como alternativa quando o organismo do paciente não responde positivamente à quimioterapia. As chances de cura com o transplante de medula óssea chegam a 60%”, informou a diretora do Hemoam.
Dia mundial – O Dia Mundial de Combate ao Câncer é comemorado anualmente em 8 de abril. A data serve para conscientizar a população mundial sobre os cuidados de prevenção da segunda doença que mais mata pessoas em todo o mundo, o câncer, também conhecido por neoplasia.
Hospital vai ampliar assistência hematológica
O Hospital do Sangue é um ambicioso projeto da Fundação Hemoam para aumentar em até seis vezes a capacidade de atendimento na área da hematologia e absorver todos os casos de câncer infantojuvenil do estado. A obra do hospital está 70% concluída e deve ser entregue no final de 2021.
O complexo contará, ao todo, com 190 leitos para o tratamento das doenças do sangue, como as leucemias e anemias falciformes e para atender pacientes oncológicos. Desse total, 156 são para internação e outros 34 destinados a finalidades diversas, desde emergências até casos de pacientes que necessitam de isolamento. Na nova estrutura destaca-se ainda uma ala exclusiva para Transplante de Medula óssea.
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