Foto: Reprodução Facebook
Uma jovem de 22 anos recebeu uma carta anônima, escrita à mão por um “pai de família”, pedindo para ela deixar de usar “roupas vulgares” no condomínio onde mora, em Maringá, 428 quilômetros a oeste de Curitiba, no Paraná. O bilhete foi deixado debaixo da porta de Ana Paula Benatti (foto em destaque) na sexta-feira (7). A jovem compartilhou o conteúdo da carta em uma rede social.
“Gostaríamos que tivesse o pudor e decência de usar roupas adequadas nas dependências do condomínio. Aqui mora pessoas casadas e de várias religiões, e a senhora não está tendo o respeito usado roupas vulgar [sic]”, diz a carta. “Não sei de onde veio, mais [sic] aqui mora gente de família. Então, por favor, dá-se [sic] o respeito, porque eu, como homem e pai de família, fiquei com vergonha de estar com minha filha e a senhora quase nua lá fora”, prossegue.
Por fim, o “pai de família” avisa que, se Ana Paula não mudar o jeito de se portar, ele irá conversar com a dona do apartamento. Ao compartilhar o bilhete, a jovem disse se tratar de assédio e injúria. “Crimes morais. Estou totalmente abalada com o ocorrido. Tomarei as providências cabíveis”, assinalou. Veja a carta:
* carta de ASSÉDIO e INJÚRIA *
venho compartilhar com vocês a carta que estava embaixo da minha porta hoje. Calúnia,…
Publicado por Ana Paula Benatti em Sexta-feira, 7 de maio de 2021
Foto: Reprodução Facebook
Short teria motivado carta A jovem diz não saber que roupa o vizinho julgou como “vulgar”, mas acredita que tenha sido julgada ao usar short e blusa nas dependências do condomínio. “Se a intenção da pessoa buscava fazer eu desistir de morar no condomínio, conseguiu tirar minha paz somente naquele dia. Continuo indignada, mas quem me fez o mal foi ela. Independentemente do que eu vestir, deve ser respeitado. Estava com shortinho e blusinha, só isso”, ressaltou. O condomínio, segundo Ana Paula, prometeu buscar identificar o morador que produziu a carta anônima através da inspeção das câmeras de segurança nas áreas comuns. Não existem imagens internas dos blocos de apartamentos. ”
“As mulheres não devem se calar por motivo algum. Nós somos livres para usarmos o que a gente quiser e não algo para agradar alguém que acha isso errado”, declarou a jovem, que contratou um advogado para acompanhá-la no processo. “Vou levar o caso até onde eu conseguir, até o final”, completa. O Condomínio Irajá, onde aconteceu o fato, informou ao UOL que “providências foram tomadas” e que “dará total apoio” à jovem que denunciou o vizinho.