Em conversa mediada na semana passada pela jornalista Consuelo Dieguez, a presidente do Superior Tribunal Federal, ministra Cármen Lúcia, afirmou: “Hoje temos as questões gravíssimas de organizações criminosas dominando em todos os estados do Brasil. Por isso eu digo que não é cômodo nem confortável nenhuma poltrona na qual eu me assente, por uma singela circunstância: eu sou uma das pessoas que mais tendo informações não tenho a menor capacidade de ter sono no Brasil”.
Ainda para o jornal o Globo, em matéria publicada domingo, 08, e assinada pelo jornalista Jeferson Ribeiro, a ministra afirmou que o risco de o crime organizado ampliar sua infiltração na política levou o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) a acionar os órgãos de investigação e inteligência do governo federal para coibir a iniciativa dos criminosos e disse que o crime já esticou seus tentáculos em outros estados como São Paulo, Amazonas e Maranhão.
De acordo com a ministra, uma gravação teria flagrado um diálogo entre um ex-secretário de Segurança do Amazonas e o chefe da facção criminosa Família do Norte.
Na conversa, segundo ela, o criminoso revela a intenção de eleger dois deputados estaduais no ano que vem, ou seja, em 2018.
Cármen Lúcia fez questão de destacar que o áudio é clandestino e talvez não seja aceito pela Justiça como prova, mas destaca: “O procurador que comandou as investigações da operação La Muralha, Victor Santos, contudo, confirma o interesse dos criminosos”.
“O que eu posso dizer de forma segura é que a Família do Norte durante o período das interceptações da La Muralha tinha um plano muito específico para inserir seus integrantes no mundo político e financiar a eleição de determinados candidatos”, enfatiza a ministra.
A presidente do STF, ministra Cármen Lúcia / Foto : Ueslei Marcelino / Reuters/