Publicado
3 anos atrásno
Por
Jussara Melo
Nariz de caveira, língua bifurcada e dentes de vampiro. Com 99% do corpo desenhado, o homem que já ganhou o título de mais tatuado do Brasil em 2014, recentemente também virou adepto de outras transformações: as modificações corporais extremas.
No Dia do Tatuador, que foi comemorado na última terça-feira (20/7), “Caveira” diz ter orgulho da profissão que escolheu. Fernando Franco de Oliveira é dono de um estúdio de tatuagem em Tatuí, no interior de São Paulo, e se diz “viciado” na dor das agulhas.
Sem espaço para novas expressões artísticas, Fernando passou a fazer modificações corporais. Segundo ele, uma das mudanças mais “pesadas” foi feita em março deste ano, quando o tatuador decidiu cortar o nariz.
Fernando disse que a mutilação no nariz permite que ele respire normalmente, mas teve que redobrar os cuidados para a cicatrização. Para as próximas transformações, Fernando ainda quer colocar mais implantes na cabeça e, talvez, mutilar mais as orelhas.
“Tenho tudo tatuado, só falta a palma das mãos e a sola dos pés. Eu paguei pelas minhas tatuagens, mas se eu encano com algum desenho, eu mesmo retoco. Eu gosto muito da dor da agulha, eu sou viciado, aí de vez em quando sinto a necessidade de retocar porque não tenho mais espaço no corpo”, contou. “Na realidade eu sempre gostei de ser diferente, eu nunca gostei de ser igual a sociedade, entendeu? O pobre, para
ser diferente, precisa tatuar o corpo inteiro, não tem outra forma de aparecer”, disse o tatuador.A primeira tatuagem do “Caveira” foi feita aos 14 anos: um tribal na perna, que já foi coberto com novas tatuagens. Em 2014, Fernando já tinha o corpo todo tatuado e ganhou o título de homem mais tatuado do Brasil no RankBrasil. “Até hoje o título é meu. Mais tatuado que eu só se a pessoa começar a tatuar por dentro, no fígado e tudo mais.”
Para o tatuador, as tatuagens e modificações corporais são apenas expressões artísticas, e não têm a ver com crenças e religiões. Ele disse ainda que não bebe, não fuma ou usa drogas.
O casal Michel e Carol Praddo, de Santos, no litoral de São Paulo, também afirma que é feliz por viver dessa forma. Mas eles se incomodam com a falta de respeito. Apesar da aparência “incomum”, Fernando disse que leva uma vida normal no interior de São Paulo. Ele é casado há 25 anos e a mulher não tem nenhuma tatuagem. O casal não tem filhos.
“Ela me respeita e eu respeito ela. Ela não gosta dessas coisas de reportagem, diferente de mim. Eu não posso ver uma câmera que pulo na frente”, diz.
Antes de ser tatuador, o morador de Tatuí trabalhava como soldador, mas sofreu um acidente de trabalho e se aposentou. Segundo Fernando, ele machucou o ombro no serviço e as sequelas permitem que ele trabalhe apenas como PCD (Pessoas com Deficiência).
Desde então, ele passou a trabalhar como tatuador e montou o estúdio. Ele contou ao G1 que o espaço ficou aberto nos primeiros meses da pandemia de coronavírus, mas foi fechado depois que o próprio “Caveira” contraiu a doença. “Acho que peguei no estúdio porque a galera vem e tira a máscara. Qualquer tatuagem é oito horas em cima do cliente, então não tem como. Até então achei que era o ‘superman’, não pegava coronavírus”, conta o tatuador.
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