Publicado
2 anos atrásno
Por
Jussara Melo
Nos últimos dias internautas estão comparando o personagem Jurupari aos responsáveis pelo genocídio sofrido pelo povo Yanomami que levou à morte de cerca de 570 crianças indígenas, além de adultos, nos últimos quatro anos. O povo sofre com desnutrição, malária, pneumonia e verminoses, além da violência constante de garimpeiros ilegais ocasionaram uma situação de crise sanitária e humanitária na maior terra indígena do Brasil, onde vivem cerca de 28 mil Yanomami.
A Terra Indígena Yanomami tem cerca de 9 milhões de hectares e está localizada nos estados do Amazonas e de Roraima. Com o avanço de atividades ilegais, estima-se que 20 mil garimpeiros também ocupam a região.
A desnutrição atinge mais de 50% das crianças, e há um alto número de casos de malária, relacionados à expansão do garimpo. Constatando a gravidade da situação, o governo federal decretou emergência de saúde e convocou voluntários para atuarem no local.
A contaminação dos rios devido ao garimpo e abusos sofridos por mulheres e crianças pelos garimpeiros já vem sido denunciados pelos indígenas, porém militares da reserva que atuaram em diretorias do Ibama durante a gestão Jair Bolsonaro (PL) chegaram a ter, em mãos, um plano de ação para entrar na terra indígena Yanomami, em Roraima, e agir para reprimir o garimpo que atua na região. Esse plano, porém, nunca foi executado.
A omissão poderá ter desdobramentos, pois o Ministério Público Federal (MPF) denunciou que foi ignorado pelas autoridades responsáveis em relação a uma série de providências que cobrava. O governo Bolsonaro sabia das deficiências na prestação dos serviços de saúde, inclusive o desabastecimento de medicamentos.
Os internautas comparam o pedido de socorro feito pelo povo Yanomami, ignorado por autoridades que tinham a missão de protegê-los, com os pedidos de socorro feitos por índios durantes os ataques de Jurupari durante pesadelos.
Uma das figuras mais faladas do folclore amazônico é o Jurupari. De origem Tupi, o nome possui mais de um significado, tendo como suas definições “boca; tirar da boca” ou “aquele que vem a nossa rede”, em alusão a sua história como o demônio do pesadelo.
Jurupari pode aparentar várias formas. Conta-se que o deus seria um homem de boca torta que está sempre rindo ou uma grande cobra com braços. Em outras regiões, pode ser um homem sábio, um bebê invisível ou somente uma presença divina.
Na versão mais popular, Jurupari é o deus da escuridão e do mal, que visita os indígenas em sonhos, deixando as vítimas assustadas ao causar pesadelos e presságios ruins. Durante o sonho, a pessoa é impedida pelo deus de gritar, causando asfixia. Bem sugestivo com a situação do povo Yanomami, que pedia socorro mais ninguém ouvia o clamor.
Essa versão foi estimulada e contada pelos jesuítas como a personificação do próprio mal, descaracterizando as crenças indígenas sobre a entidade divina.
Em outra versão, Jurupari era filho de uma indígena chamada Ceuci, uma virgem que acabou tendo um filho a partir de um milagre. Um dia, Ceuci descansava na sombra de uma árvore, a árvore do bem e do mal, onde o consumo de suas frutas eram proibidas às moças no dia que estivessem em período fértil.
Ceuci ao perceber os frutos, acabou comendo um e ao morder, o caldo do fruto escorreu pelo seu corpo nu, alcançando o meio de suas coxas, fecundando-a. Meses depois, a gravidez foi descoberta, o que causou indignação de toda a comunidade da aldeia e acabou sendo exilada por decisão do Conselho de anciões.
Distante da aldeia, Ceuci deu a luz ao seu filho, Jurupari, ‘o filho do sol’, e foi enviado à terra pelo próprio sol, para que pudesse reformar os costumes da terra e encontrar a mulher ideal para que ele pudesse se casar. Lembra outra história?
Com apenas sete dias de vida, Jurupari já aparentava ter 10 anos e seu conhecimento chamou a atenção de todos, que passaram a ouvir suas palavras e ensinamentos de novos costumes, que ameaçavam a sociedade matriarcal e instituía o patriarcado. Jurupari realizou festas cerimoniais, onde somente os homens podiam participar e aproveitava para passar os seus ensinamentos, o que acabou afastando ele de sua mãe.
Inconformada pelos ideais e por saudade do filho, Ceuci resolveu espiar em uma noite o cerimonial dos homens, ação que era considerada proibida, e a punição seria a pena de morte.
Furtivamente, ela entrou no território onde os homens estavam reunidos, mas antes do fim da cerimônia, Ceuci acabou sendo atingida por um raio enviado por Tupã.
Em diferentes versões, supostamente o raio teria sido enviado por Jurupari, sem saber que era sua mãe. Ao se deparar com a situação, o ‘filho do sol’ foi chamado para ressuscitar sua mãe, mas não fez, pois não podia abrir exceções em suas leis. Jurupari então disse:
“Morreste mãe, porque desobedeceste à lei de Tupã. É a lei que eu vivo a ensinar, não vou te ressuscitar, mas te recomendo: Sobe, bela, radiante e pura para um mundo melhor. Cumpriste a verdadeira missão de mãe, que é cheia de amor, renúncia, desenganos e sofrimento. Meu pai irá recebê-la de braços abertos lá no céu”.
Jurupari é um mito comum entre vários índios da região amazônica. Há muitas lendas sobre este personagem que o mostram tanto como um legislador como um demônio.
Confira alguns comentários de internautas sobre a relação de Jurupari com autoridades que deveriam proteger os povos indígenas, mas que se omitiram:
Mulher...mãe....apaixonada....webwriter e sócia proprietária do Portal No Amazonas é Assim...E minha história continua ❤
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