A empresária Jussara Dutra Couto, de 38 anos, não tem dormido bem. Está ansiosa e nervosa, com o pensamento tomado pelo compromisso que firmará no domingo às 15h30. Jussara vai se casar e realizar o sonho de entrar na igreja vestida de branco. No entanto, o casamento tem algo incomum: ela vai se casar com ela mesma. Sim! Não tem noivo e ela quer celebrar o “amor próprio”.
Celebrações sologâmicas de pessoas, que se casam consigo mesmas, já acontecem há algum tempo em vários países. Mas Jussara, que criou ‘Eu comigo evento’, empresa especializada em realizar casamentos solos, acredita ser a primeira cerimônia dessa natureza no Brasil. “Trabalho com cerimonial de casamento há 20 anos, mas a vontade é genuína. Estou tão feliz e tão bem comigo que quis fazer festa para mim e casar comigo”, afirma.
A cerimônia é bem semelhante ao casamento monogâmico. Jussara estará de branco, com vestido assinado pela estilista Tetê Rezende. Entrará sozinha, mas será recebida pela filha Maria Laura, de 21 anos, no que ela denomina de “entrada invertida”. “Minha filha vai sair do altar e seguir até a rampa, de onde sairei do carro. Ela vai me entregar o buquê e entro sozinha”, revela.
O casamento sologâmico não tem previsão legal. O momento será conduzido por uma amiga de Jussara. Não há troca de alianças, mas para demarcar o compromisso consigo mesma, Jussara fez uma tatuagem de uma mulher com asa de borboleta. “Borboleta tem significado de luta e renascimento”.
Para ela, o casamento sologâmico pode ser a forma de realizar o sonho de usar o vestido de noiva (foto: Bitar e Paiva Fotografia)
Haverá a tradicional entrada das damas e pajens, que no lugar da aliança vão levar os votos que serão lidos por Jussara. “É uma celebração do amor próprio. Quis assumir compromisso de me amar”, diz. Ela fará os votos olhando para o espelho. Nesse momento, todos os 100 convidados serão convidados a fazer o mesmo. “Os convidados vão receber espelhos de mão para que também possam fazer votos de amor próprio.”
Depois da cerimônia, que será realizada a céu aberto em uma praça do bairro Santa Lúcia, a noiva recebe os cumprimentos em uma festa com direito banda, DJ, bar de drink. Não poderá faltar o bolo de noiva. “No topo de bolo, vou colocar uma mulher com asa de borboleta”, diz.
Como o casamento sologâmico ainda não se popularizou, muita gente estranha quando Jussara diz que vai se casar consigo mesma. “A primeira reação das pessoas é de susto. Mas digo que estou celebrando meu amor. Muitos me perguntam se eu quero ficar sozinha. Respondo que não é só por isso. Respondo que é o momento de vida que estou passando”, diz.
E Jussara recebeu muitas propostas de casamento. “Tem muitos homens que falam que é um desperdício e que, seu eu quiser, casam comigo”, diz. Jussara alerta que a noiva sologâmica pode ter outros relacionamentos amorosos, para além da própria companhia. E, segundo ela, o casamento sologâmico não é apenas para mulheres, mas para todos que queiram celebrar o amor próprio. “Pode ser homem e pode ser mulher. O público LGBT está curtindo muito” diz.
Para ela, o casamento sologâmico pode ser a forma de realizar o sonho de usar o vestido de noiva. “Muitas mulheres sonham em se casar, vestir de noiva. O casamento sologâmico traz essa possibilidade e a mulher não precisar de um parceiro para isso. É o amor que é mais verdadeiro: o amor próprio”, diz.
Para ela, o casamento sologâmico pode ser a forma de realizar o sonho de usar o vestido de noiva (foto: Bitar e Paiva Fotografia)
Fonte : Portal EM