O registro de armas por pessoas físicas na região da Amazônia Legal saltou 219% entre 2018 e 2021, ultrapassando inclusive a média registrada no restante no país, onde o crescimento foi de 130,4%, segundo dados divulgados pelo Instituto Igarapé.
“O aumento das armas e munições em circulação na região, desacompanhado de qualquer medida de aperfeiçoamento das capacidades de controle estatal desses arsenais, se torna ainda mais preocupante diante dos desafios impostos pelas diferentes violências na Amazônia Legal”, diz a entidade, em relatório denominado Amazônia no Alvo.
Entre as violências, pode-se citar conflitos, assassinatos, crimes ambientais alimentados por esquemas criminosos e o aumento da presença de diferentes facções ligadas ao tráfico de drogas – entre 2012 e 2021, a Comissão Pastoral da Terra (CPT) registrou quase 5.000 conflitos na Amazônia Legal, que levaram ao assassinato de mais de 300 pessoas.
O relatório destaca que a Amazônia também foi na contramão do país quando se fala em homicídios: entre os anos de 2012 e 2020, o número de mortes caiu 13% no Brasil: de 57.045 em 2012 para 49.898 em 2020. Na Amazônia Legal, contudo, houve um aumento de 2% nos homicídios, passando de 8.936 em 2012 para 9.084 em 2020.
As mortes por armas de fogo também aumentaram na região: enquanto o indicador caiu 15% entre 2012 e 2020 no país, passando de 40.071 para 33.993, a Amazônia Legal viu estes crimes aumentarem 4% no mesmo período, indo de 5.537 para 5.780. Em 2012, 14% dos homicídios com arma de fogo registrados no Brasil foram cometidos na Amazônia Legal. Oito anos depois esse volume subiu para 17%.
Onze estados apresentaram aumento nos homicídios entre 2012 e 2020. Cinco dos nove estados da Amazônia Legal estão entre eles: Acre, Amapá, Maranhão, Roraima e Tocantins. Esses mesmos estados também tiveram aumento nas mortes por arma de fogo.
Foto: Nathalia Segato on Unsplash