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5 anos atrásno
Séculos antes de se tornar um dos principais centros urbanos da região do Médio Solimões, na Amazônia Central, o município amazonense de Tefé abrigou populações ameríndias cujos vestígios ainda podem ser encontrados na área urbana da cidade, distante a cerca de 500 km de Manaus.
Há 4 anos, arqueólogos do Instituto Mamirauá começaram a realizar pesquisas na área e, desde então, já identificaram quatro sítios arqueológicos.
Esses e mais resultados da pesquisa voltada para a área de arqueologia urbana foram apresentados durante o III Simpósio Nacional de Pesquisa em Educação do Doutorado Interinstitucional em Educação, organizado pela Universidade Estadual do Rio de Janeiro (UERJ) e pela Universidade Estadual do Amazonas (UEA).
O tema do evento foi “Educação e Formação para a Inclusão: movimentos de liberdade e resistência” e aconteceu em Tefé do dia 12 ao 14 de novembro.
A pesquisa sobre arqueologia urbana no município de Tefé teve início no ano de 2015 como desdobramento do projeto “Arqueologia nas Unidades de Conservação do Médio Solimões”, conduzido pelo Grupo de Pesquisa em Arqueologia do Instituto Mamirauá, organização social fomentada pelo Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações (MCTIC).
Na região Norte, as pesquisas em arqueologia urbana estão concentradas nos grandes centros amazônicos como Manaus e Belém. Tefé é uma das áreas da região do Médio Solimões ainda pouco conhecida pelos pesquisadores, mas que já apresentam grande potencial para o desenvolvimento de pesquisa acadêmica em contextos urbanos.
“Essa pesquisa tem o objetivo de compreender e reconstruir os modos de vida e apropriação da paisagem por diferentes povos desde o período pré-colonial”, explica a arqueóloga do Instituto Mamirauá e pesquisadora do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), Emanuella Oliveira.
A arqueóloga do Instituto Mamirauá e responsável pelo trabalho de arqueologia urbana no município de Tefé, Geórgea Araújo, defende que esse entendimento permite maior compreensão da paisagem atual e dinâmicas da população tefeense.
“A arqueologia histórica, em associação com a arqueologia urbana, procura dar visibilidade ao público menos favorecido e inseri-los nos processos históricos através das suas histórias silenciadas, mostrando que as populações pretéritas contribuíram de forma significativa para a formação da nossa sociedade. Tefé tem um rico patrimônio arqueológico que está sendo explorado. ”
Os pesquisadores realizaram trabalhos de campo para a escolha de áreas a serem investigadas. Essas atividades incluíram consultas a fontes documentais disponíveis, conversas com moradores e visitas a locais públicos e propriedades particulares que contém a chamada ‘terra preta de índio’, tipo de solo escuro e fértil que indica ocupações de populações indígenas pré-colombianas onde é encontrado.
Assim, foram identificados quatro sítios arqueológicos nomeados Centro, UEA, Colônia Ventura, Abial; e uma ocorrência – área com menos vestígios arqueológicos – chamada de AABB.
Os resultados obtidos nos levantamentos de campo e escavações realizadas na área urbana também apontaram que os depósitos arqueológicos são impactados pela chuva constante na região, aterro das áreas, erosão e demolição do patrimônio histórico para novas construções.
Segundo as pesquisadoras, esse é também um dos motivos do estudo dos sítios arqueológicos da área central e periférica da cidade de Tefé ser urgente e necessário.
Projeto em andamento
O entendimento de como a paisagem foi ocupada, modificada e apropriada pela população tefeense ao longo dos anos é ainda uma das metas do trabalho dos pesquisadores, que também buscarão compreender como o patrimônio arqueológico encontrado no município é percebido pelos moradores da cidade.
“Esperamos que as informações obtidas e divulgadas ao longo desse projeto e disponibilizadas a sociedade e ao poder público possa auxilia-los na preservação e na gestão do conhecimento histórico e arqueológico do município”, afirma Geórgea, também pesquisadora do CNPq.
Embora ainda em andamento, o projeto já teve seus resultados parciais divulgados nas últimas duas edições da Semana Nacional de Ciência e Tecnologia (SNCT) do Instituto Mamirauá com exposições de vestígios arqueológicos do sítio UEA, e foi tema de duas apresentações no 16º Simpósio sobre Conservação e Manejo Participativo na Amazônia ( SIMCON).
O Grupo de Pesquisa em Arqueologia e Gestão de Patrimônio Cultural da Amazônia do Instituto Mamirauá é financiado pelo Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) e conta com apoio da Fundação Gordon e Betty Moore.
Texto: Augusto Gomes e Júlia de Freitas
Sou o idealizador do No Amazonas é Assim e um apaixonado pela nossa terra. Gravo vídeos sobre cultura, comunicação digital, turismo e empreendedorismo além de políticas públicas.
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