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5 anos atrásno
Na última década a sociedade passou por diversas mudanças em questão de comportamento. Uma das principais foi a questão dos programas e saídas de fim de semana, já que diversas pesquisas têm comprovado que um número cada vez mais de pessoas trocou as baladas e outros clássicos programas noturnos pela tranquilidade de casa.
Ficar em casa se tornou uma preferência mundial
Uma pesquisa recente realizada pela empresa Mintel e divulgada pelo site americano Refinery 29 revelou que 28% dos “jovens millennials”, faixa etária que compreende pessoas entre 24 e 31 anos, preferem ficar em casa no lugar de sair para bares ou baladas. Enquanto isso, 55% dos americanos de todas as idades se sentem da mesma forma.
Cerca de 74% dos participantes do estudo afirmaram que preferem suas casas em detrimento de outras opções devido ao fato do lar ser considerado “um ambiente mais relaxante”, onde não é necessário lidar com espaços lotados, filas de espera e flertes indesejados.
69% dizem que a opção é devida ao fato dos preços muitas vezes inflados dessas opções, com a “necessidade ou o desejo de economizar dinheiro sendo um fator importante”. Por fim, aproximadamente 38% dos jovens adultos ouvidos pela Mintel afirmaram que ao ficar fora dos bares e clubes é uma maneira mais fácil que eles encontraram para controlar o consumo de bebidas.
No Brasil não é diferente e diversas pesquisas, como a divulgada pelo Grupo Revenda e a realizada pela Kantar Ibope Media, revelam que os brasileiros têm passado um período cada vez maior em casa.
“Por conta do momento econômico, muitos brasileiros têm dado preferência aos momentos de lazer em casa. Desde 2015, percebemos um aumento de atividades realizadas nos domicílios, incluindo o consumo de mídia em geral (TV, internet, video on demand etc.)” revelou Fábia Juliasz, diretora responsável pela medição de audiência de TV da Kantar Ibope, em uma entrevista para o site “Notícias da TV”.
Passatempos solitários ou em casal aumentam de maneira significativa
Enquanto Caleb Bryant, analista sênior da Mintel e responsável pela elaboração do relatório, afirmou que a empresa não tem dados específicos sobre o quão significativo é o papel de aplicativos de relacionamentos na aparente retração de bares e clubes, a maior parte do millennials entrevistados pela Refinery 29 citou essa nova forma de se relacionar como um dos principais motivos para ficar em casa.
“É toda a ideia de namoro e Netflix e, tipo, eu vou sentar no meu sofá, assistir todas as coisas que eu poderia assistir e beber todo o meu vinho do Trader Joe (marca popular dos Estados Unidos). Por que eu sairia da minha casa? Eu posso convidar alguém para ficar comigo”, disse Jenifer Golden, parte da geração millenial e apresentadora do podcast “It’s Complicated”, em uma entrevista para a Refinery 29.
A vinda de novos apps do tipo para o Brasil e a supracitada pesquisa da Kantar Ibope Media corroboram os dados no país. De acordo com ela, o espectador brasileiro passou em média mais de 5 horas em frente da televisão desde 2015. O recorde ocorreu em 2016, quando os telespectadores passaram uma média de 6 horas e 17 minutos na frente da tela de tv.
Além disso, o país também é um dos campeões em tempo conectado à internet. Uma pesquisa realizada pelas empresas Hootsuite e We Are Social demonstrou que os internautas brasileiros passam em média nove horas e 14 minutos conectados à rede mundial de computadores todos os dias.
O número coloca o país na terceira posição mundial, atrás apenas da Filipinas e Tailândia, que contam, respectivamente, com nove horas e 24 minutos e nove horas e 38 minutos de conexão diária.
Passatempos em grupo também aumentaram
Um dos novos programas mais comuns entre os millenials é realizar reuniões com grupos de amigos em casa. Com o aumento do número de tutoriais disponíveis online, cada vez mais deles estão se dedicando a realização de jantares e outros programas caseiros.
“Nós estamos muito envolvidos com a cultura do ‘faça você mesmo’ sabe. Isso significa criar nossas próprias experiências, criar nossos próprios pratos e drinks”, disse Chelsea Krost, empreendedora e estrategista de marketing, durante uma entrevista. “Estamos aproveitando todo o conteúdo que temos nas redes sociais e toda a boa comida e grandes influenciadores que compartilham receitas e tentando fazê-las nós mesmos” completou.
Os clássicos board games e até mesmo os antigos RPGs também têm experimentado uma renascença como opção de programa. O mercado de jogos de tabuleiro cresceu muito no país e o setor movimentou mais de R$ 665 milhões apenas em 2018.
“Os jogos modernos são mais fáceis de jogar. Têm partidas curtas, não longas como as de ‘War’ e ‘Monopoly’”, afirmou Cristiano Cuty, diretor de criação e produção da editora nacional de jogos Conclave Games, em entrevista para a Forbes.
“No final de 2015, vimos a oportunidade de licenciar e distribuir com exclusividade no Brasil vários dos jogos que eu gostava de jogar”, relembra Diego Bianchini, sócio-fundador de outra editora, a Meeple BR. Apenas nos últimos dois anos, sua empresa teve um crescimento de 120%. Em 2019, o empresário espera crescer mais 70%.
Segundo dados da Pesquisa Game Brasil 2019, cerca de 28% da população do país se diverte com tabuleiros, uma fatia que se aproxima dos brasileiros que é apaixonada por modalidades que envolvem cartas (34%).
Quando se fala sobre cartas, o grande favorito é o poker. O chamado “esporte das cartas” conta com regras muito fáceis de aprender e jogadores experientes podem fazer uso de estratégias de poker que tornam essa modalidade uma das mais complexas e divertidas que existem.
De acordo com as principais entidades do setor, o número de fãs de poker no país está estimado entre 8 e 10 milhões de entusiastas, o que a torna uma das opções mais populares.
Ficar em casa se tornou uma ótima opção
Seja através dos programas de entretenimento disponíveis na internet, jantares com amigos ou noites de jogos de tabuleiro ou poker, ficar em casa se tornou uma excelente opção de programa e os números de brasileiros que optam por ela só deve aumentar no futuro.
Sou o idealizador do No Amazonas é Assim e um apaixonado pela nossa terra. Gravo vídeos sobre cultura, comunicação digital, turismo e empreendedorismo além de políticas públicas.