Publicado
1 ano atrásno
Há cerca de dois mil anos atrás, a região que compreende o atual município de Urucará, no estado do Amazonas apresentava características climáticas, regimes hidrológicos e sociedades diferentes em comparação com os dias de hoje. As evidências históricas e arqueológica sobre os principais povos e sociedades pré-coloniais que por aqui passaram são frequentemente difíceis de serem encontradas, apontaremos algumas razões:
Muitos dos materiais usados pelas sociedades amazônicas eram perecíveis, como estruturas de madeira, tecidos de fibras vegetais e objetos orgânicos. Esses materiais têm uma vida útil curta em condições de umidade e calor da região, tornando-se difíceis de preservar ao longo do tempo.
O clima quente e úmido da Amazônia acelera a decomposição de muitos tipos de evidências arqueológicas, tornando-as vulneráveis à degradação. Além disso, as cheias dos rios frequentemente inundam áreas arqueológicas, dificultando a preservação de vestígios culturais.
As sociedades pré-coloniais da Amazônia tinham uma tradição oral forte, com poucos registros escritos. Isso torna a recuperação de informações históricas diretamente a partir de documentos muito limitada em comparação com outras regiões do mundo.
Apesar das condições climáticas extremas, as evidências históricas e arqueológicas deixadas pelas sociedades amazônicas pré-coloniais incluem uma variedade de vestígios que nos ajudam a compreender suas culturas e modos de vida. Entre os mais significativos, podemos citar:
1. Sítios Arqueológicos (Ruínas de estruturas antigas, como habitações, fortificações e aldeias, fornecem informações sobre o tamanho, a organização social e a arquitetura dessas sociedades).
2. Artefatos de cerâmica, incluindo potes, vasos e utensílios, são frequentemente encontrados em sítios arqueológicos. A análise da cerâmica pode revelar informações sobre técnicas de fabricação, estilo artístico e padrões culturais.
3. Artefatos Líticos: Ferramentas de pedra, como machados, facas e instrumentos de corte, são importantes vestígios arqueológicos que indicam a tecnologia disponível na época e os tipos de atividades realizadas.
4. Muitas sociedades amazônicas construíram montículos de terra artificiais, chamados de “terra preta” ou “terra preta de índio,” que são compostos por restos orgânicos, cerâmica quebrada e outros materiais. Esses montículos indicam áreas de assentamento antigo e práticas agrícolas.
5. Alguns sítios arqueológicos mostram evidências de práticas de manejo sustentável da terra, como a construção de canais de drenagem e terraços agrícolas. Esses sistemas demonstram conhecimento avançado sobre o ambiente.
6. Sepultamentos e rituais funerários revelam informações sobre crenças espirituais, estrutura social e práticas de luto das sociedades indígenas.
7. Os relatos de viajantes, exploradores e missionários europeus que estiveram na Amazônia durante o período colonial também fornecem informações históricas sobre as sociedades indígenas.
8. Petróglifos e Pinturas Rupestres: Gravações e pinturas em rochas e cavernas podem conter representações artísticas e símbolos que revelam aspectos da mitologia, rituais e história das sociedades amazônicas. São associados até hoje como locais sagrados e de espiritualidade.
Este último vestígio, os petróglifos tem chamado atenção da comunidade urucaraense, um dos poucos que ainda resistem ao tempo. Ainda não se sabe a idade e quem os confeccionou. Mas é evidente pensar que os habitantes desse lugar não eram caçadores-coletores (nômades), como então se pensava. Os vestígios presentes nas calhas dos principais rios da região evidenciam a predominância de sociedades sedentárias, populosa e com alto grau de organização política, social e militar. Há relatos de cronistas que passaram pela região no século XVI e XVII e evidenciaram a presença de 96 tribos indígenas entre os rios Uatumã, Jatapu e afluentes.
Eis a importância dos investimentos em pesquisa e extensão na região. O estudo dos petróglifos por si só, não dão conta de explicar a nossa história. Somente com pesquisas mais aprofundadas e em escala multidisciplinar (história, geografia, sociologia, antropologia, arqueologia e outras), começaremos a reescrever o primeiro capítulo dessa saga. O quanto faz falta a presença de universidades públicas em nosso município. Não se faz pesquisa sem elas.
Arenilton Monteiro Serrão ,Prof. Doutorando em Geografia (UFAM)
Sou o idealizador do No Amazonas é Assim e um apaixonado pela nossa terra. Gravo vídeos sobre cultura, comunicação digital, turismo e empreendedorismo além de políticas públicas.
Canoa naufraga com família, mãe é resgatada mas pai e filha de dois anos somem no Rio Amazonas
Piranha vegetariana é descoberta na Amazônia por cientistas!
Melhores cruzeiros fluviais do mundo para sua próxima escapadela pelas águas
Saiba porque essa tubarão consegue viver nos rios da Amazônia!
As Feiras de Produtos Regionais da ADS retornam em Manaus a partir desta terça-feira (9)
Vídeo: Thais Carla se pronuncia sobre vídeo íntimo viralizado na internet