São Paulo, 16 de maio de 2024 – Como conseguir empréstimos mais empáticos, com prazos de pagamento entre 30 e 36 meses, dos quais seis de carência, a uma taxa pré-fixada de 13% ao ano, levando no pacote uma assessoria estratégica e financeira ao longo de todo o período dos pagamentos?
Condições como essas podem até ser muito atraentes, mas para muitas pequenas cooperativas, empresas e negócios no interior da região Amazônica, o acesso a quantias altas – na casa das centenas de milhares de reais – costuma ser inviabilizado simplesmente por exigências bancárias inviáveis para o seu porte ou contexto.
“É exatamente para esses negócios que dirigimos as nossas Rodadas de Investimento de Impacto”, explica Bruno Girardi, diretor vice-presidente da Sitawi Finanças do Bem. E quais são os critérios? “Além da capacidade de repagamento do empréstimo concedido (sempre a taxas mais razoáveis do que o mercado tradicional exige), buscamos principalmente que os negócios que captam conosco – via a concessão de empréstimos – possam retornar à sociedade um impacto socioambiental positivo”, detalha ele.
Rodada aberta a investidores
Este mês a Sitawi parte para a 15ª Rodada de Investimentos por meio de sua Plataforma de Empréstimo Coletivo para Impacto Positivo. A organização abriu a captação ontem (15 de maio) e destinará R$ 900 mil para mais três negócios da região Amazônica: Coafra (PA), Cacauway (PA), Navegam (AM).
Girardi conta a longa trajetória da Sitawi com Investimento de Impacto. Desde o início de sua criação em 2008, já mobilizou R$ 33 milhões para 65 negócios. O retorno financeiro após o final da pandemia ficou na casa dos 2,6% acima do IPCA. Em 2023 foram investidos R$ 2,8 milhões em vários negócios: Ccampo, Pappo, Coopersapó, Deveras Amazônia, Paraoil, Tobasa, Sementes do Marajó, Coopercuc, Maranha Filmes, Flor de Jambu e Coopavam.
Para além do mercado financeiro tradicional
“Se fôssemos buscar os R$ 500 mil que pretendemos captar por meio da Sitawi no varejo bancário tradicional, provavelmente pagaríamos o triplo”, conta Michelle Guimarães, Chief Governance Officer da empresa Navegam. A startup vende passagens online para trajetos em barcos pelos rios Amazônicos, além de oferecer soluções logísticas de entregas de mercadoria na região (via avião, barco, carros e motos), e de contratação online para transporte de carga, incluindo produtos de bioeconomia, apoiando a produção local das populações ribeirinhas.
Segundo Michelle, é quase inviável um aporte desse valor – se realizado pelas vias tradicionais. “Uma startup tem uma dinâmica financeira diferente de uma empresa comum. Toda receita é reinvestida, pois estamos financiando o nosso crescimento”, frisa a executiva. Contudo, de acordo com a gestora, o que os bancos pedem de salvaguardas para seus empréstimos inviabiliza essa dinâmica. Em 2023, a Navegam faturou R$ 6,4 milhões, um crescimento de 150% comparado ao ano anterior. E, nos dois primeiros meses de 2024, registrou um faturamento 340% superior ao mesmo período do ano passado.
Parceria com propósito
Para Michelle, independente das condições financeiras que a Sitawi oferece em suas Rodadas de Investimento de Impacto, o que mais atraiu os sócios da Navegam é estar associados a uma parceria que tenha um propósito socioambiental. O valor a ser captado, diz ela, será destinado ao desenvolvimento da plataforma, que já conta, hoje, com 12 desenvolvedores trabalhando.
Além da Navegam, a 15ª Rodada aportará R$ 300 mil na Coafra, uma cooperativa de Castanhal (PA) que atua em 11 municípios da sua região na venda de insumos agrícolas e de hortifruti. A venda de insumos aos 230 cooperados dá-se a preços mais baixos do que os praticados no mercado, com opções flexíveis de pagamento. Já a compra de sua produção é fechada por um valor superior ao que o mercado paga. A presença da cooperativa contribui para a preservação de uma área de 830 hectares de bioma local. Os recursos a serem levantados serão aplicados na construção de um entreposto de farinha.
Michelle Guimarães, Chief Governance Officer da Navegam
Na “Rota do Cacau”
Por fim, outros R$ 100 mil deverão ser destinados à Cacauway, de Medicilândia (PA), na chamada “Rota do Cacau” em trecho da rodovia Transamazônica. A empresa tem uma fábrica que produz uma centena de produtos feitos com chocolate fino – alguns dos quais premiados internacionalmente. Com o cacau comprado de 40 cooperados, o negócio tem histórico de pagamento entre 20% e 60% acima dos preços de mercado. O dinheiro da Rodada, uma vez captado, será destinado à aquisição da safra de amêndoas de cacau.
Nesta 15ª Rodada, os primeiros R$ 100 mil dos R$ 900 mil a serem mobilizados já foram captados a partir de parcerias institucionais da Sitawi. Os demais R$ 800 mil serão captados na plataforma www.emprestimocoletivo.com.br , na qual qualquer pessoa pode investir a partir de R$ 10, de forma a favorecer a democratização do investimento de impacto socioambiental positivo. A plataforma traz relatórios periódicos da evolução dos negócios investidos, além de outras informações de interesse dos investidores.
Rita de Cássia Fernandes Aguiar, chocolatier e socia da Cacauway;
Sobre a Sitawi
A Sitawi Finanças do Bem é uma organização sem fins lucrativos fundada em 2008 que desenvolve infraestrutura financeira para a Economia de Impacto. Em sua trajetória já mobilizou mais de R$ 470 milhões para impacto socioambiental para mais de 3 mil iniciativas que beneficiaram 14 milhões de pessoas e apoiaram a conservação de 5 milhões de hectares, em todo o país. Mais informações: https://sitawi.net/
Bruno Girardi, diretor vice-presidente da Sitawi