Publicado
3 anos atrásno
Por
Jussara Melo
Uma imagem que foi registrada durante a partida entre São Raimundo-AM e São Raimundo-RR, no último domingo, no estádio da Colina, em Manaus, pela Série D do Campeonato Brasileiro repercutiu nacionalmente. Durante o jogo, um torcedor foi flagrado, sem camisa ostentando uma tatuagem maceta de um símbolo nazista nas costas.
Na costa do cidadão há o desenho de uma águia, a mesma utilizada pelos alemães, em pé sobre uma base redonda. A águia foi escolhida pelo partido Alemão por ser um símbolo universal do poder e está colocada sobre uma base redonda com a suástica, que não aparece na tatuagem, dando a entender que o desenho está incompleto.
A imagem viralizou na internet e na imprensa nacional. O clube emitiu nota, manifestando total repúdio ao ato, que traz à tona um dos capítulos da história mundial mais tristes da humanidade. “O São Raimundo condena veementemente toda e qualquer manifestação favorável àquilo que foi uma das maiores máculas da história mundial! Este indivíduo, uma vez identificado, não mais adentrará as dependências do estádio em dias de jogos do Tufão”, diz a nota.
O nazismo, de forma geral, prega a destruição de todos os povos e indivíduos que possam contaminar a presumida pureza da raça ariana. Essa ideologia foi posta em prática por Adolf Hitler nas décadas de 1930 e 1940, como política de Estado, na Alemanha e nos países invadidos pelo ditador. Entre as vítimas dos nazistas, estiveram judeus, negros, gays, pessoas com deficiência física ou mental, ciganos, comunistas e testemunhas de Jeová.
Entenda o quanto a imagem é grave
Entre 1941 e 1945, 6 milhões de judeus foram executados nos campos de extermínio nazistas. Para efeitos de comparação, esse é quase o mesmo número de habitantes da cidade do Rio de Janeiro. O genocídio do povo judeu ficou conhecido como Holocausto e é reconhecido como um dos episódios mais traumáticos da história da humanidade. A lei brasileira de 1989 que elenca os crimes de racismo se baseia no artigo da Constituição que os descreve como inafiançáveis e imprescritíveis. Originalmente, contudo, a lei se concentrava no racismo sofrido pela população negra e não tocava de forma explícita no nazismo e na sua ideologia racista. A primeira referência à apologia do nazismo foi incluída nessa lei apenas em 1994, por meio de um projeto do deputado Alberto Goldman (PSDB-SP). A segunda referência, em 1997, com uma proposta do então deputado e hoje senador Paulo Paim (PT-RS).
Leia a nota do clube na íntegra:
Chegou ao conhecimento da diretoria do São Raimundo Esporte Clube, que durante o jogo contra e equipe do São Raimundo de Roraima, pelo campeonato brasileiro série D 2022, um indivíduo adentrou ao estádio usando camisa e retirou a mesma, ostentando uma tatuagem com símbolo nazista e proibida pela legislação vigente, além de atentatório à dignidade humana e provavelmente um dos capítulos mais tristes da história da humanidade, se não o mais. O São Raimundo Esporte Clube vem a público, repudiar a atitude deste indivíduo em que nada representa a história do clube do povo. O São Raimundo condena veementemente toda e qualquer manifestação favorável àquilo que foi uma das maiores máculas da história mundial! Este indivíduo, uma vez identificado, não mais adentrará as dependências do estádio em dias de jogos do Tufão. Além disso, encaminharemos formalmente uma denúncia aos órgãos criminais para que haja a devida investigação e persecução penal.
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