Memórias do Amazonas
O crime recente mais brutal da cidade de Manaus : O crime do apartamento 204
Publicado
7 anos atrásno
Por
Jussara Melo
Essa história verídica e recente ocorreu em 2013, na zona sul da cidade de Manaus, onde três pessoas perderam a vida em uma trama digna de filmes hollywoodianos.
Essa sequencia de crimes contra parentes é capaz de revelar o lado mais cruel do ser humano e está sendo tido como um dos crimes mais brutais do Brasil.
O crime
Na manhã do dia 22 de janeiro de 2013, no apartamento 204, do bloco 13 B, do condomínio Parque Solimões, no bairro Raiz, na Zona Sul de Manaus, os corpos da funcionária da Suframa Maria Gracilene Roberto Belota, 59, e da filha, a estudante Gabriela Belota, 26, foram encontrados pela empregada da família.
No mesmo dia, na rua Rego Barros, no bairro São Raimundo, na Zona Oeste de Manaus, o irmão de Maria Gracilene, Roberval Roberto de Brito, 60, foi encontrado morto. O corpo estava jogado em cima da cama com um corte na nuca, e um travesseiro no rosto.
Três pessoas da mesma família mortas em lugares diferentes, assim começa uma trama digna de filmes de suspense.
Gabriela Belota era uma blogueira conhecida por suas dicas de moda e de estilo, junto com sua amiga Carol Pedrosa, ela atuava no blog “Se Joga”. Ela era estudante de Odontologia da Universidade do Estado do Amazonas. Uma jovem apaixonada pelo seu cão Rick, da raça Yorkshire. Rick teria um final igualmente trágico nessa história.
No dia 22 de janeiro, por volta das 8 horas da manhã, a empregada doméstica da família, Maria Nezia Vitor de Amorim, chegava no apartamento para iniciar a sua jornada de trabalho. Mas o que ela descobre no local acabaria por chocar a cidade de Manaus.
Maria Gracilene, 52 anos, mãe de Gabriela, estava morta no corredor da residência.
Assustada, a empregada gritou por Gabriela, entrou em seu quarto e viu o corpo da jovem enrolada num lençol. Gabriela estava imóvel. Como num filme de terror, Rick, o cachorrinho de Gabriela, também estava morto e pendurado pelo pescoço num amarrador de rede.
Inicialmente a polícia descartou abuso sexual de mãe e filha, pois ambas estavam vestidas. Mas isso mudou quando peritos encontraram esperma em Gabriela. Ela foi estuprada e estrangulada. Porém a causa da sua morte foi asfixia. Sua cabeça foi coberta por um saco plástico e havia um corte em seu pescoço.
E o duplo assassinato ganhou uma pitada a mais de mistério quando o tio de Gabriela, Roberval Roberto de Brito, 63 anos, foi encontrado morto, amarrado e estrangulado, no mesmo dia, em sua casa. Poderia os assassinatos de mãe, filha e tio estarem ligados?
Primeira Suspeita
Ainda no dia 22, a suspeita de que o assassino seria um conhecido da família foi levantada porque não houve indícios de arrombamentos nas residências das vítimas. Outro fato que chamou a atenção da polícia é que um terceiro membro da mesma família também foi encontrado morto, em outro local, com as mesmas características de crime. Logo os crimes contariam com o envolvimento de alguém próximo da família.
Suspeitos são ouvidos
Na noite do dia 22 de janeiro, Rodrigo de Moraes Alves, de 19 anos, e Ruan Pablo Bruno Cláudio Magalhães, 18, e Jimmy Robert de Queiroz Brito, de 33 – na época suspeitos de envolvimento no triplo homicídio da família Belota – prestaram depoimento na Delegacia Especializada em Homicídios e Sequestros (DEHS).
O carro da jovem Gabriela, levado pelos suspeitos após o assassinato, foi encontrado no Centro da cidade na tarde do mesmo dia. Os suspeitos tiveram a identidade inicialmente protegida pela polícia.
Confissão e delação
Durante o depoimento no dia 22, dois dos suspeitos ouvidos confessaram o triplo homicídio e ainda apontaram a participação do filho de Roberval, Jimmy Robert, que inicialmente negou tudo. Na época, a polícia apontou que o principal motivo do crime era uma briga por herança, e que o assassinato foi planejado três semanas antes da execução.
Jimmy confessa
No dia 23 de janeiro, Jimmy confessou à polícia ser o mentor dos assassinatos do próprio pai, da tia e da prima.
Conforme o titular da DEHS na época, Divanilson Cavalcanti, os trabalhos da polícia em relação ao caso se concentraram, durante todo aquele dia, na acareação para averiguar detalhes conflitantes entre os depoimentos dos supostos autores.
“Nesta acareação ficou constatado que o Jimmy estava dando algumas informações não condizentes com a verdade. Quando retornaram à Delegacia, os outros dois suspeitos receberam alimentação das suas famílias. Foi aí que o Jimmy percebeu estar sozinho (já que ele matará seu próprio pai). Não havia ninguém para auxiliá-lo e dar esse apoio. Nesse momento, ele percebeu o erro que fez e passou ajudar nas investigações, relatando, minuciosamente, o planejamento e mortes das vítimas”, contou o delegado.
Durante o depoimento, segundo a polícia, Jimmy relatou detalhes de prazos, material utilizado, modus operandi dos crimes, além de informações do cotidiano das vítimas. “Em relação ao pai, ele disse que nutria sentimento de mágoa, além do fato da herança. Já sobre as outras vítimas, ele disse que elas iriam desconfiar dele com a morte do pai, por isso, o Jimmy resolveu matá-las antes. Como também pelo envolvimento delas no processo de herança, que ele tinha interesse”, disse Divanilson Cavalcanti.
Na confissão de Rodrigo e Ruan, a versão apresentada é de que Jimmy prometeu dividir a herança do pai, mas não revelou valores que seriam pagos aos suspeitos. A herança em questão, segundo o titular da Delegacia de Homicídios, era de R$ 200 mil.
Estupro
Com a continuação das investigações, agravantes no crime foram sendo descobertos. No dia 15 de fevereiro, um laudo apontando que Gabriela Belota foi violentada sexualmente antes de ser morta foi divulgado pelo promotor do Ministério Público do Estado do Amazonas (MPE-AM), Fábio Monteiro.
O laudo da Polícia Civil atesta que os materiais biológicos colhidos no corpo de Gabriela Belota são idênticos ao de Rodrigo Alves. Para chegar a essa conclusão, o laudo informa que foi feita a comparação dos perfis genéticos de Gabriela e Rodrigo no intuito de estabelecer coincidência entre as amostras analisadas. Rodrigo teria sido participado do crime, pois o mesmo era namorado de Jimmy.
Em depoimento à Justiça, na quarta-feira (03 de abril de 2013), Rodrigo Moraes Alves negou ter estuprado Gabriela Belota durante assassinato de três integrantes da família em janeiro deste ano. “Não houve estupro”, disse o réu. A afirmação contradiz laudo apresentado um mês após os assassinatos, que atestou a presença de materiais biológicos idênticos ao de Rodrigo no corpo da jovem. O acusado também negou ser homossexual ou ter caso com o publicitário Jimmy Robert, acusado de planejar a morte do pai, da tia e da prima.
Pressionado pelo promotor, Rodrigo disse que pode ter estuprado Gabriela e não se recordar devido aos efeitos de entorpecentes.
Psicopatia
Ainda no dia 15 de fevereiro, o MPE concedeu parecer negativo ao pedido de insanidade mental feito pela defesa do publicitário Jimmy Robert de Queiroz. Segundo o promotor Fábio Monteiro, que atua há 17 anos na área, ele “nunca viu um mentor intelectual de um crime sofrer de insanidade mental”.
“Nenhum laudo ou documentação que comprovasse a insanidade mental foi apresentado. Primeiro não há provas ou indícios disso, apenas uma alegação. Na própria petição, o advogado disse que ele começou a apresentar sintomas na prisão, sendo que o Código Penal diz que somente é inimputável por doença mental quem, no momento do crime, já era considerado incapaz mentalmente. Ele está sendo acusado de ser o mentor intelectual, assim o modo operante dele é incompatível de pessoa que não sabia o que estava fazendo ou em surto”, enfatizou o promotor.
Para o promotor, Jimmy apresenta perfil de psicopata, já que os atos praticados durante o triplo homicídio são compatíveis com a doença. “A conduta, a motivação, a frieza, o calculismo. Tudo isso se enquadra no perfil que os estudiosos colocam como psicopatia. Porém, o psicopata não é alguém que não sabe o que está fazendo, ele é perfeitamente capaz de entender o que faz”, explicou.
O passo a passo do crime
Por volta de 17h30, Jimmy entrou no condomínio com a desculpa de ir ao apartamento da tia pegar uma agenda. Ele foi atendido pela prima, Gabriela Belota, de 26 anos. A estudante recebeu Jimmy e seguiu para o seu quarto. Com a desculpa de que não tinha encontrado a agenda, Jimmy teria falado para Gabriela que iria passear com o cachorro da vítima, Rick.
Jimmy saiu então com o cachorro para caminhar pelo condomínio, e deu a chave do apartamento para os dois comparsas. Rodrigo, o namorado de Jimmy, foi apontado como o responsável pela morte de Gabriela. A jovem teria sido atacada e asfixiada com um pedaço de película que escurece vidro de carro. A universitária tentou se defender, arranhando o pescoço de Rodrigo, mas morreu sufocada. Como a jovem demorou a desmaiar, os suspeitos desferiram ainda um corte no pescoço da vítima.
Segundo o promotor do caso, Fábio Monteiro, o crime sexual foi praticado entre o início da agreção e a pratica final, uma vez que a vítima havia demorado a falecer.
Jimmy voltou então para o apartamento com o cachorro para aguardar a tia, Maria Gracilene Belota. Como o animal estava latindo, ele teria pedido aos suspeitos que o matassem. Ele foi degolado e pendurado em um armador de rede.
Por volta das 20h30, imagens das câmeras de segurança mostram a mãe de Gabriela chegando ao local. Ela foi surpreendida pelos três e morta na sala da casa. Segundo a polícia, eles espancaram a vítima e cortaram seu pescoço com um estilete. Depois de matar a tia, a prima e o cachorro, o trio saiu no carro em que chegaram, um Gol de cor prata, e levaram também o veículo de Gabriela, um Fiesta vermelho. Eles seguiram para um motel, onde tomaram banho para tirar as manchas de sangue dos homicídios. Após se limparem, os suspeitos foram para a casa do pai de Jimmy, Roberval Roberto de Brito, no bairro São Raimundo, Zona Oeste de Manaus, onde o mataram na madrugada do dia 23 de janeiro.
Rodrigo é agredido
No dia 17 de maio uma foi instaurada sindicância para apurar denúncia de agressão contra Rodrigo de Moraes Alves, de 19 anos, suspeito de participar do triplo homicídio da família Belota. Rodrigo, que negava ser homossexual e de ter um relacionamento com Jimmy Robert, teria sido estrangulado por companheiros de cela.
Após a suposta agressão, o detento foi transferido para um cela individual do Instituto Penal Antônio Trindade (Ipat), localizado no km 8 da BR -174, como medida preventiva. Em nota, a secretaria afirmou ter “como principais metas a integridade, a segurança e a saúde da população carcerária do Amazonas”.
No dia 10 de julho, Rodrigo fugiu do Instituto Penal Antônio Trindade (Ipat) durante a rebelião que aconteceu no presídio. Ele foi recapturado no mesmo dia.
Segundo informações, Rodrigo Moraes, acusado de participação no triplo assassinato da família Belota, estava perto da BR 174, no quilômetro 10. Ele foi levado para o 12º Distrito Integrado de Polícia (DIP), onde foi apresentado.
Em depoimento, Rodrigo disse que fugiu por medo de ser executado. “Estava marcado para morrer no momento da rebelião, por isso tive de colocar uma camisa na cabeça e fugir com outros presos”, disse o acusado.
Condenação
Durante o julgamento realizado em Novembro de 2013, Jimmy chegou a afirmar que teve ajuda de Olga Matos Marinho Roberto, no planejamento do crime. Olga é esposa do avô de Jimmy.
Com divulgação da nova versão, a promotoria pediu o novo inquérito policial para averiguar a eventual participação de uma quarta pessoa na autoria intelectual do crime em conjunto com Jimmy Robert.
Porém, de acordo com o delegado titular da DEHS, Antônio Rondon Júnior, no último dia 10 de setembro de 2013, Olga Matos Marinho compareceu à delegacia para prestar depoimento. Na ocasião, ela negou qualquer participação no crime. Ao todo, dez pessoas foram ouvidas nesta segunda fase de investigação do caso Belota, incluindo Jimmy Robert, que preferiu alegar o direito de permanecer em silêncio e falar somente no julgamento.
O delegado responsável pela investigação revelou que Olga não foi indiciada e ele descarta a participação dela nos crimes. “Depois de todas as diligências não consegui confirmar os indícios. Surgiram algumas evidências, mas não indícios que sinalizassem a participação no planejamento, preparação ou execução do crime. Não encontramos elementos suficientes para levar o indiciamento”, afirmou Antônio Rondon.
No fim das contas, Jimmy, Rodrigo e Ruan Pablo foram indiciados pelo triplo homicídio qualificado de Gabriela Roberto Belota, Maria Gracilene Roberto Belota e Roberval Roberto de Brito. As vítimas eram, respectivamente, prima, tia e pai de Jimmy Robert. Eles foram denunciados por triplo homicídio qualificado por motivo torpe, crueldade, furto qualificado e maus tratos a animais. Jimmy tem ainda o agravante de ser apontado como mandante do crime e familiar das vítimas. Rodrigo responde pelo crime de estupro contra a estudante Gabriela Belota.
Jimmy foi condenado a 100 anos de prisão, Rodrigo a 94 anos e Ruan a 90 anos.
Redução de penas
Em outubro de 2014, o Tribunal de Justiça do Amazonas (TJAM) reduziu as penas dos três réus condenados no Caso Belota. O 2º Grau do judiciário reavaliou a decisão da primeira instância, reduzindo 15 anos da pena de prisão do publicitário Jimmy Robert de Queiroz Brito. Rodrigo de Moraes Alves e Ruan Pablo Bruno Cláudio Magalhães tiveram as penas reduzidas em 24 anos.
Com a redução, Jimmy foi condenado a 85 anos de prisão, Rodrigo a 70 anos e Ruan a 66 anos. Porém todos sabemos que eles logo estarão a solta, graças as imensas brechas que existem na lei brasileira.
Anos após crimes, pai de Gabriela Belota ainda acredita em 4º envolvido
O coronel da reserva do Corpo de Bombeiros do Amazonas, de 60 anos, disse que embora a polícia não tenha identificado o envolvimento de Olga Matos, ele continua acreditando que há uma quarta pessoa responsável pelos crimes. A punição desse suposto participante, que não teve o nome divulgado por Mário Belota, é a luta do pai da vítima.
“Ainda tem muito coisa para acontecer. Para nós, ainda existe outra pessoa envolvida nos assassinatos. Tem outra pessoa envolvida e vamos provar. A Justiça será feita completa. Só pode ser a mesma pessoa que está brigando pelos bens [apartamento]. Tudo leva a entender que sim, porque não tem lógica uma pessoa querer tomar um apartamento que é da minha filha”, argumentou.
O imóvel em disputa é o apartamento situado no condomínio Parque Solimões, bairro Raiz, Zona Sul de Manaus, onde residiam duas das vítimas – Gabriela e Gracilene. O imóvel se tornou propriedade de Gabriela Belota depois da separação dos pais.
Fontes: O Aprendiz Verde, G1, Noite Sinistra
Mulher...mãe....apaixonada....webwriter e sócia proprietária do Portal No Amazonas é Assim...E minha história continua ❤
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