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Manaus, AM, quarta, 18 de dezembro de 2024

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Idosa de 113 anos conta: “Fumo cachimbo desde os 10 anos”

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Foto: Divulgação

Todos os dias quando acorda, dona Maria Rita Pereira, de 113 anos, puxa pela memória uma canção favorita e começa a cantá-la. Sempre ativa e alegre, como relata a família, a mineira de Mutum, município localizado no Vale do Rio Doce, mas que mora há 25 anos em Barra de São Francisco, no Espírito Santo, em uma fazenda onde cria porcos e galinhas, mantém essa rotina ao longo do dia, às vezes dando uma pausa para fumar um cachimbo, uma de suas maiores perdições. Para ela, essa alegria de viver é o principal segredo para tamanha longevidade, e fará com que viva mais meio século.

Parece exagero, mas quem vê dona Maria Rita sempre ativa, não duvida que ela tenha muito mais histórias pela frente. É o que relata sua filha, Zenilda Rita de Jesus, de 71 anos, que mora com a mãe e cuida dela. Segundo ‘Dona Santa”, como é conhecida, a mãe só não cozinha mais porque tem um pouco da visão comprometida, além de não escutar bem em um dos ouvidos. De resto, mantém uma rotina ativa, sempre cantarolando pela casa e pedindo para dançar forró com quem é que lhe faça uma visita.

“A mamãe está sempre sorri, fala que sua alegria de viver é sua maior força. Só a vi chorar uma vez, quando morreu minha irmã. Até quatro anos atrás, morava sozinha, em uma casa ao lado da minha, que fica no nosso terreno. Depois, perdeu um pouco da visão, aí resolvemos que era melhor ela morar comigo. Ela só não cozinha mais. De resto, toma banho sozinha, acorda cantando e sempre está alegre. Até pede para dançar forró com quem venha nos visitar”, conta Dona Santa.

Segundo ela, no último domingo (6), elas resolveram fazer um churrasco. Dona Maria Rita acompanhou toda a celebração e só foi dormir às 22h porque sua filha resolveu que já era tarde.

“Domingo mesmo fizemos um churrasco. Para você ver como ela é ativa, ficou até 10 horas da noite. Só foi dormir porque falei: ‘’mamãe, acho que está ficando tarde’. Ela sempre me acompanha”, revela Dona Santa

Cachimbo desde os 10 anos

Além da paixão pela vida, Dona Maria tem no cachimbo uma de suas perdições. Segundo nos conta Dona Santa, com o tempo ela passou a fumar ocasionalmente, mas nunca largou de lado esse ´habito que adiquiriu logo nova, ao contrário de bebidas alcoólicas, que já deixou de lado há mais de 15 anos.

“A mamãe gosta muito de cachimbo. Fuma às vezes, mas não é sempre. Bebida alcoólica, ela largou faz 15 anos, mas, antes, gostava de um pouco de cachacinha. ”, conta Dona Santa.

Segundo ela, Dona Maria Rita aprendeu o hábito com a própria mãe, Maria Rita de Jesus, ainda aos 10 anos. “Minha avó gritava lá do meio mato e mamãe tinha que ia acender o cachimbo pra ela. Aprendeu assim. Além disso, meu avô plantava, curtia e vendia o fumo de rolo”, completa.

Um dos exemplos da vitalidade e dessa perdição pode ser visto no vídeo abaixo, que nos foi enviado por sua neta. Ela havia desafiado Dona Maria Rita a subir na cadeira. Caso conseguisse, lhe dava um pouco de fumo para cachimbo. E não é que ela conseguiu? O feito deixou Dona Santa muito feliz, mas um pouco envergonhada, já que ela mesmo admite que não tem mais essa mesma energia da mãe.

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“Olha só, minha filha veio nos visitar esses dias e falou que dava à mamãe um fumo para cachimbo se ela conseguisse subir na cadeira. Eu não consigo e ela conseguiu’, brinca Dona Santa.

Vitória contra o câncer

Em 2010, quando tinha 103 anos de vida, Dona Maria Rita teve um câncer de mama diagnosticado, o que a obrigou a retirar um de seus seios. Segundo Dona Santa, um dos médicos achava melhor que ela retirasse o outro, o que foi prontamente rechaçado. Ainda assim, a doença nunca mais voltou a se manifestar.

“Olha, a gente ia sempre a Vitória para cuidar da mamãe quando ela teve um câncer na mama. Ela até tirou um dos seios e o médico queria tirar o outro. Achamos melhor não e nunca mais voltamos por esse assunto”, relata Dona Santa.

Família já está na quinta geração

Dona Maria Rita nasceu em 15 de janeiro de 1907, em Mutum, por onde morou durante boa parte da vida. Apaixonada por lavoura, ela sempre trabalhou em fazendas, onde conheceu Raimundo José, um de seus três maridos, com quem teve seus cinco filhos, antes de se divorciar. Ela chegou a se casar duas vezes, sendo o último Raimundo José Pereira, (que, coincidentemente, tinha o mesmo nome do primeiro) e morreu aos 70 anos, quando ela já tinha 98.

“Olha, a gente que não deixou, pois era capaz de arrumar outro marido”, brinca Dona Santa.

Desses filhos, somente Dona Santa está viva. Porém, todos tiveram filhos e netos, que geraram ainda mais descendentes, mas tanto Dona Santa, quando Maria Rita, já perderam a conta da linhagem da família, que já está em sua quinta geração.

“Netos, acho que a mamãe teve entre 15 e 20. Não sei ao certo, já que muitos dos meus irmãos se mudaram para outros Estados. Agora, mamãe já conhece e convive com bisneto e tataraneto, que ligam para ela. Acho que um desses tataranetos tem até filho, não sei, nem sei como falar (seria pentaneto)”, brinca Dona Santa.

Segundo ela, a família se espalhou e tem descendentes em vários Estados do Brasil, como Paraná, Mato Grosso e Rondônia. Muitos deles, inclusive, ligam para Dona Maria.

“Tinha neto que não via a mamãe há 20 anos. Eles moram em São Paulo e vieram visitá-la ano passado. Ela tem neto, bisneto e tataraneto até em Rondônia e eles ligam para conversar com ela”, completa.

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Uma das mais longevas do país

Dona Santa conta que sua avó, Maria Rita de Jesus, viveu até os 125 anos. Porém, a dificuldade de acesso a documentos não permite a comprovação da idade, o que não é o caso de Maria Rita Pereira, que tem CPF, Título de Eleitor e Carteira de Trabalho nunca assinada, já que sempre trabalhou na roça, sem estudar.

Seus 113 anos comprovados fazem com que ela seja a terceira mulher mais velha do Brasil, tendo à sua frente dona Severina Conceição, nascida em 7 de janeiro de 1904, e moradora de Nova Descoberta, em Pernambuco, e dona Inocência Vieira de Jesus, de Paulo Afonso, Bahia, nascida em 16 de julho de 1906.

Atualmente, o Guinness World Records reconhece Kane Tanaka, de 117 anos, como a pessoa mais velha do mundo. Ela nasceu em 2 de janeiro de 1903. Quando completou três anos, Santos Dumont voou no 14-Bis. Quando celebrou seu 18º aniversário, o Cruzeiro foi fundado.

Segundo o livro dos recordes, Tanaka nasceu prematuramente, mas conseguiu seguir a vida normalmente.. Em 1922, casou-se com Hideo Tanaka, com quem teve quatro filhos e adotou um quinto. Ela, assim como a Dona Maria Rita, perdeu as contas de quantos netos e bisnetos teve.

Outros casos no Brasil

Uma moradora da cidade de São Francisco do Conde, região metropolitana de Salvador, teria completou 119 anos de vida em agosto deste ano. Os familiares de Maria São Pedro Conceição, que nasceu no primeiro ano do século XX, em 1901, dizem que estão tentando levantar informações sobre como enviar a história dela para o Guinness Book.

Quem também seria mais velha que Tanaka seria Josefa Maria da Conceição, de 117 anos, moradora de Pilar, em Alagoas. Ela nasceu no dia 7 de fevereiro de 1902 e seus parentes também tentam achar registros que comprovam a idade, segundo matéria recentemente veiculada no portal G1.

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Sou repórter, comediante Stand Up e apaixonado pelo regionalismo Amazônico. "Onde tiver uma fuleragenzinha, ali eu estarei"

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