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Manaus, AM, quinta, 19 de setembro de 2024

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A lenda da Ilha de Marapatá

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A lenda da Ilha de Marapatá

A lenda da Ilha de Marapatá é uma história profundamente enraizada no imaginário popular amazônico. Situada na foz do Rio Negro, no estado do Amazonas, a ilha é envolta em mistério, conhecida como a “Ilha da Consciência”. Ao longo dos séculos, essa lenda foi passando de geração em geração, ganhando novas formas, mas sempre mantendo sua essência como um lugar onde a identidade cultural e a moralidade dos viajantes se transformavam de maneira enigmática.

A canção “Marapatá”, composta por Armando de Paula e Anibal Beça, capturou essa lenda em versos que ecoam até hoje. O refrão É Marapatá, porta de Manaus, é Marapatá, patati patatá simboliza o poder que a ilha tem sobre aqueles que se aproximam de suas margens. Segundo a lenda, qualquer um que passasse pela ilha estaria se separando de suas raízes culturais e abandonando sua consciência. Os viajantes perderiam sua vergonha, moralidade e identidade, modificando seu comportamento para se adaptar ao ambiente selvagem e misterioso da Amazônia.

Na primeira estrofe da música, há uma evocação poética do mistério da ilha: “Que doce mistério abriga teu dorso de ilha afogada no curso das mágoas? Que mana maninha que dança sozinha savana de seda pavana de cio”. Aqui, a ilha é retratada como um lugar isolado, afogado em tristeza e mágoas, onde forças misteriosas parecem operar. As palavras criam uma imagem de um lugar quase sobrenatural, com um ritmo próprio, uma dança solitária que reflete a solidão e o desamparo dos que se aventuram a passar por ali.

A lenda da Ilha de Marapatá

A lenda da Ilha de Marapatá

Ao longo dos anos, a lenda foi reinterpretada e modificada, mas sua essência permaneceu intacta. O escritor Euclides da Cunha, em suas viagens pela Amazônia, já destacava a Ilha de Marapatá como um lugar assustador. Para ele, a ilha era “lazarenta de almas”, um local contaminado onde as consciências eram corrompidas. Atravessar a ilha significava perder a moralidade, sendo transformado de santo em devasso. Segundo ele, as trocas culturais que ocorreram com a chegada de pessoas de outras partes do mundo à Amazônia favoreceram essa mudança de comportamento, justificando a lenda.

Um exemplo claro desse fenômeno foi o período da borracha, uma era de grande riqueza e excessos na região. A selva amazônica, com sua vastidão e isolamento, transformou-se em um refúgio para comportamentos estereotipados e moralmente questionáveis. Os ricos seringalistas queimavam charutos com cédulas de dinheiro, e o poder e a riqueza pareciam corromper as almas dos que ali chegavam. A Ilha de Marapatá, nesse contexto, tornou-se um símbolo dessas transformações morais, um ponto de não retorno para aqueles que cruzavam suas águas.

O folclorista Mário Ypiranga, em 1963, trouxe uma nova perspectiva à lenda, a partir de relatos do senhor Rufino Santiago, que tinha uma serraria na ilha. Segundo Santiago, o mistério da ilha estava associado a um duende chamado Jumutimpora ou Iumutimpora, uma criatura mítica que habitava Marapatá. Esse ser, meio homem, meio bicho, era uma versão oposta do famoso Mapinguari, mas com uma peculiaridade: ele era inofensivo para pessoas de bons costumes, generosas e honestas. No entanto, para aqueles que eram moralmente duvidosos, Jumutimpora era uma criatura perigosa, que atacava e estigmatizava para sempre aqueles que não demonstravam boas qualidades.

A lenda da Ilha de Marapatá

A lenda da Ilha de Marapatá

Jumutimpora não devorava suas vítimas, mas as tomava sob sua tutela, aguardando que se transformassem moralmente. Era, portanto, um “bicho bom”, que se opunha às pessoas trapaceiras e moralmente corruptas. Isso reforça a ideia central da lenda de Marapatá: a ilha, e suas criaturas, eram capazes de revelar e punir os desvios morais dos viajantes, deixando-os sem sua consciência e sem vergonha.

Essa interpretação da lenda da Ilha de Marapatá continua a ressoar na cultura popular da cidade de Manaus, e a música “Marapatá” é uma das maneiras pelas quais essa história antiga permanece viva. A canção é um lembrete de que a ilha, apesar de seu aparente isolamento, ainda exerce um poder sobre aqueles que se aproximam. Em seus versos, há uma advertência clara para os forasteiros: “Vá logo deixando, senhor forasteiro, a sua vergonha. Em Marapatá, vergonha se verga na cuia do ventre”. A ilha, de acordo com a lenda, continua a ser um lugar onde a vergonha e a consciência podem ser perdidas, dependendo da índole de quem a atravessa.

Ao longo do tempo, o mito de Marapatá e seu duende protetor Jumutimpora foi se tornando parte da cultura local, uma metáfora viva sobre a transformação moral e a identidade dos habitantes e visitantes da Amazônia. Embora a lenda tenha evoluído, o mistério da ilha continua a fascinar. Talvez o “bicho bom” que habita a ilha esteja adormecido, aguardando o momento de despertar novamente. Quando esse momento chegar, os trapaceiros e moralmente questionáveis devem estar preparados, pois a ilha, com seu poder transformador, certamente não os perdoará.

A lenda da Ilha de Marapatá

A lenda da Ilha de Marapatá

“É Marapatá, porta de Manaus, é Marapatá, patati, patatá”, ecoa a canção, lembrando a todos que a lenda da ilha misteriosa ainda está viva, tanto nas águas do Rio Negro quanto nas memórias e na música do povo amazonense.

Abaixo a música Marapatá, do Nilson Chaves.

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Sou o idealizador do No Amazonas é Assim e um apaixonado pela nossa terra. Gravo vídeos sobre cultura, comunicação digital, turismo e empreendedorismo além de políticas públicas.

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