Sabemos que o Brasil é considerado o país mais ansioso do mundo. A ansiedade é caracterizada por um misto de sentimentos como medo, apreensão, antecipação do perigo de algo desconhecido ou estranho. De acordo com a psicóloga Gabriela Umbelino, a ansiedade infantil pode causar irritação, desespero e excesso de responsabilidade. “Também podem ser observadas retraimento social e diminuição do rendimento escolar”, explica.
A especialista destaca que como a criança está em desenvolvimento é importante que os pais fiquem atentos caso o menor apresente algum sintoma que esteja acarretando prejuízo funcional imediato muito diferente do que observado naquela faixa etária, como por exemplo, comportamentos que interfiram na sua qualidade de vida, desconforto emocional e também comprometimento de atividades do dia a dia.
Gabriela cita que algumas situações podem desencadear a ansiedade nas crianças, como quando estão sozinhas, causando sofrimento intenso e prejuízos significativos em diferentes áreas da vida da criança ou adolescente. “Como consequência demonstram um comportamento de apego excessivo a seus cuidadores, não permitindo o afastamento destes, na hora de dormir, resistindo ao sono, que para eles vivenciam como uma separação, ou perda do controle”, comenta a psicóloga. Além da ansiedade de separação há também o transtorno de ansiedade generalizada e as fobias específicas, como medo de cachorro, escuro, etc.
Os casos de ansiedade infantil requerem intervenções multidisciplinares e articuladas, exigindo dos profissionais envolvidos no processo de cuidado com a criança, sensibilidade e conhecimento na área. É importante que a comunicação entre pais, professores, psicoterapeuta e demais profissionais da saúde envolvidos, seja constante e efetiva, a fim de potencializar as intervenções e auxiliar a criança diante do sofrimento que apresenta.
O esporte como terapia
Atividades físicas são indicadas para crianças que sofrem de ansiedade infantil, além de desenvolverem a percepção do próprio corpo, também ajudam a diminuir o tempo de exposição dos pequenos às telas, como o computador e tv, criando possibilidades de expressão e sentimentos através dos movimentos. Os exercícios também promovem a sociabilização, senso coletivo, abertura para novas habilidades e também eleva a autoestima.
Para a educadora física Marina Alfarano, sócia da Nômade Esportes, brincadeiras ao ar livre, como pular corda, passeios em parques e praças são seguras para as crianças. Ela recomenda também brincadeiras que os pais podem fazer em casa. “Circuito entre cadeiras ou móveis da sala, subir escadas ao invés de utilizar o elevador, brincar de bicicleta, patinete, bola de diferentes tamanhos e pesos, pular obstáculos são ótimas atividades. As possibilidades são múltiplas, basta usar a imaginação”, explica a professora.
Atividades como natação podem ser inicializadas com bebês a partir de 6 meses desde que os estímulos sejam corretos a cada faixa etária, respeitando o desenvolvimento motor e a individualidade de cada criança. “A partir dos 4 anos: começam as iniciações esportivas, mas não indicamos o direcionamento para uma modalidade específica, e sim atividades de desenvolvimento global: que explorem o correr, saltar, subir, descer e diversas possibilidades de movimento.
Para os pré-adolescentes que geralmente já têm uma carga de estudos grande, atividades que melhorem a postura, respiração, e atividades que preparem o corpo para as mudanças corporais que ocorrem nessa fase, como a musculação ou e exercícios funcionais”, finaliza Marina.
Ansiedade infantil deve ser observada por trabalho multidisciplinar