“Black power não é um penteado, é um símbolo de luta”. A frase dita pelo apresentador do BBB Tiago Leifert na edição dessa terça-feira (6) do reality show da Globo, durante uma conversa sobre racismo com o participante Rodolffo, resume bem a história por trás do cabelo black power, que se tornou um ícone de resistência do movimento negro.
O estilo, caracterizado pelos fios volumosos e em formato arredondado, que ganhou força principalmente a partir da década de 1960, surgiu nos anos 1920, na Jamaica. O ativista e comunicador Marcus Garvey foi, provavelmente, o responsável por difundi-lo, ao questionar os alisamentos feitos por mulheres e homens negros para se adequar aos padrões de beleza europeus vigentes na época.
Ao promover o retorno às raízes africanas, Garvey passou a difundir a ideia de valorização da beleza negra, sugerindo manter os fios crespos longos e naturais, sem qualquer processo para modificá-los. Algumas décadas depois, o cabelo afro voltou a ficar em evidência, com os movimentos de valorização da cultura e dos direitos civis dos negros nos Estados Unidos, nos anos 1960.
Angela Davis. (Fonte: Wikimedia Commons)
Uma das figuras mais importantes do movimento negro americano, a ativista e integrante dos Panteras Negras Angela Davis já adotava o penteado em sua juventude, ajudando a transformá-lo em um símbolo de resistência e também uma tendência. E foi nesse período, em 1966, que o termo black power surgiu. Ao ser preso, o militante radical Stockley Carmichael comentou: “O que vamos começar a dizer agora é poder negro (black power)”.
Popularizando o black power
Entre o final dos anos 1960 e o início da década de 1970, o estilo teve uma grande popularização, literalmente fazendo a cabeça de personalidades negras. Estrelas da música, do cinema e dos esportes passaram a adotar o afro em peso.
Jimmy Hendrix, Nina Simone, Billy Preston e os Jackson 5 foram apenas alguns dos adeptos do penteado. No Brasil, nomes como Tim Maia, Tony Tornado e o jogador Jairzinho ajudaram a popularizar o black power por aqui.
O visual chegou a perder força nos anos 1980 e 1990, mas voltou a ser uma forte tendência no século XXI, especialmente nos meios artístico e esportivo