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Manaus, AM, terça, 03 de dezembro de 2024

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Camille Monfort, a Vampira da Amazônia, existiu ou não existiu?

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Suposta Vampira da Amazônia

Marie Camille Monfort, a Vampira da Amazônia, existiu ou não existiu? Neste mês de julho pipocaram nas redes sociais a história de uma fantástica cantora lírica francesa chamada Marie Camille Monfort, que teria vivido entre 1869 e 1896, imigrando da França para Belém-PA, onde causou sensação na sociedade por ser uma mulher a frente do seu tempo.

Devido ser uma mulher chique, há relatos que ela tomava banhos de champagne e era “vista, seminua, a dançar pelas ruas […], enquanto se refrescava sob a chuva da tarde; era também vista em solitários passeios noturnos, com seus longos vestidos negros esvoaçantes, à beira do Rio Guajará”.

Suposta Vampira da Amazônia

Marie Camille Monfort a Suposta Vampira da Amazônia / Foto : Divulgação

Devido seus hábitos, foi acusada de vampirismo. Isso porque ela era uma cantora lírica e havia sido acusada de utilizar sua música para hipnotizar suas vítimas. Ainda de acordo com o relato, Marie Camille Monfort teria falecido durante uma epidemia de cólera e teria sido sepultada no Cemitério da Soledade.

A verdade é que tudo não passa de um conto. Marie Camille Monfort não existiu no mundo real uma cantora lírica chamada Camille Monfort.

Segundo o historiador Fabio Augusto, “Os jornais e revistas paraenses da época não mencionam sua existência ou qualquer passagem pelo teatro nacional e internacional. “Sua” fotografia foi feita em 1901, cinco anos após sua “morte”, em um estúdio inglês. E não existe sequer uma lápide ou jazigo no Cemitério da Soledade dedicada à personagem. O busto que é divulgado como seu, na verdade é do mausoléu da família do Senador Justo Chermont.”, comentou ele sobre o caso.

Questionado sobre então quem seria a mulher da foto, ele disse que tratava-se de “possivelmente uma inglesa do início de 1900. O estúdio fotográfico foi bombardeado durante a Segunda Guerra, escapando apenas alguns negativos sem identificação.”, informou.

Questionado sobre ela estar usando um suposto smartphone em 1900? , ele contou que na verdade, “possivelmente ela está segurando um carte cabinet (cartão de visitas).”.

Camille Monfort, a Vampira da Amazônia, existiu ou não existiu?

Camille Monfort, a Vampira da Amazônia, existiu ou não existiu?

Mas de onde vem essa história tão maravilhosa? A história enigmática de uma cantora lírica de espírito independente que vinda direto da França que luta pelo direito ao voto feminino, em pleno século XIX e com seu comportamento livre que chocou a conservadora sociedade de Belém, dando origem a lenda de que ela seria uma vampira vem de um livro chamado “Após a Chuva da Tarde – A Lenda do Cão Fantasma do Palacete Bolonha”, do escritor belenense Bosco Chancen.

O sucesso desse livro, apesar de ainda não tão conhecido pela grande massa, é que trata-se de uma narrativa gótica adaptada ao nosso clima tropical e aos palacetes da cidade de Belém, reunindo histórias reais, lendas amazônicas, romance e vampirismo. Assim, dá alguns detalhes verdadeiros que se confundem os os fictícios. O romance aproveita a atmosfera sombria da floresta amazônica durante a chuva da tarde para contar histórias visagentas.

Outra inovação fundamental do referido romance, pela primeira vez um romance de vampiro torna-se um Romance Histórico, tendo como pano de fundo a Belle Époque amazônica (1870), período importante em que cidades da região se tornaram ricas exportadoras de látex, tendo como modelo de urbanização cidades importante da Europa; tal período ficou conhecido como Ciclo da Borracha, quando o látex extraído das seringueiras era a matéria-prima dos pneus dos automóveis, exportada para o mundo todo, enriquecendo fazendeiros, da noite para o dia, fazendo da cidade de Belém o centro cultural da Amazônia e do Theatro da Paz palco para grandes artista que desafiavam a selva amazônica para mostrar sua arte.

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Abaixo um pequeno Resumo de Divulgação do Romance Após a Chuva da Tarde.

CAMILLE MONFORT: A Vampira da Amazônia

EM 1896, Belém enriquecia com a venda da borracha amazônica para o mundo, enriquecendo fazendeiros, da noite para o dia, que construíam seus ricos palacetes com materiais vindos da Europa; enquanto suas esposas e filhas mandavam suas roupas para o velho continente para serem lavadas e importavam água mineral de Londres para seus banhos.

Theatro da Paz (1878)

Theatro da Paz (1878)

O Theatro da Paz era o centro da vida cultural da Amazônia, com concertos de artistas europeus. Entre eles um chamou especial atenção do público, a bela cantora lírica francesa Camille Monfort (1869 – 1896), que causou desejos inconfessáveis em ricos senhores da região, e ciúmes atrozes em suas esposas por sua grande beleza.

Camille Monfort também causou indignação por seu comportamento livre das convenções sociais de seu tempo; [ela era vista, semi nua, a dançar pelas ruas de Belém, enquanto se refrescava sob a chuva da tarde]; e também despertou curiosidade por seus solitários passeios noturnos, quando a viam com seus longos vestidos negros esvoaçantes, sob a esplêndida lua cheia, à beira do Rio Guajará, em direção ao Igarapé das Almas.

Segmentos de Praça à Beira do Rio Guajará

Segmentos de Praça à Beira do Rio Guajará

Logo, ao seu redor, boatos se criaram e deram vida a comentários maledicentes sobre sua pessoa. Dizia-se que era amante de Francisco Bolonha (1872 – 1938), que a trouxera da Europa, e que este lhe dava banho com caríssimas champanhes importadas da Europa, na banheira de seu palacete; dizia-se também que ela fora atacada pelo vampirismo em Londres, devido sua palidez e aspecto doentio, e que trouxera este grande mal à Amazônia, possuindo misteriosa necessidade de beber sangue humano, ao ponto de hipnotizar jovens mocinhas com sua voz em seus concertos, fazendo-as adormecerem em seu camarim, e terem seus pescoços sugados pela misteriosa dama. [O que, curiosamente, coincidiu com relatos de desmaio nas dependências do teatro durante seus concertos, que eram explicados como apenas o efeito da forte emoção produzida por sua música aos ouvidos do público]. Dizia-se também que ela possuía o poder de se comunicar com os mortos e materializar seus espíritos em densas brumas etéreas de materiais ectoplasmáticos expelido de seu próprio corpo em sessões mediúnicas. [Eram, sem dúvida, as primeiras manifestações na Amazônica do que mais tarde viria ser chamado de Espiritismo, praticado em misteriosos cultos em palacetes de Belém, como o Palacete Pinho].

Dr. Mabuse, Der Spieler - Ein Bild Der Zeit (Divulgação)

Dr. Mabuse, Der Spieler – Ein Bild Der Zeit (Divulgação)

No final de 1896, um terrível surto de cólera devastou a cidade de Belém, fazendo de Camille Monfort uma de suas vítimas, sendo sepultada no Cemitério da Soledade.

Hoje, sua sepultura ainda está lá tomada pelo limo, musgo e pelas folhas secas, sob uma enorme mangueira que faz seu túmulo mergulhar na obscuridade de sua sombra, apenas clareada por alguns raios de sol que se projetam por entre folhas verdes. É um mausoléu de linhas neoclássicas com um portão fechado por um velho cadeado enferrujado, de onde pode-se ver um busto feminino em mármore branco sobre a ampla tampa do túmulo abandonado; e, fixado à parede, uma pequena imagem emoldurada de uma mulher vestida de preto; em sua lápide pode-se ler a inscrição:

Lápide da Camille Marie Monfort

Lápide da Camille Marie Monfort

Mas há aqueles que, ainda hoje, dizem que seu túmulo está vazio, que sua morte e enterro não passaram de encenação para acobertar seu caso de vampirismo; e que Camille Monfort ainda vive na Europa, hoje aos 154 anos de vida.

Cemitério da Soledade (Belém/PA)

Cemitério da Soledade (Belém/PA)

Quando você visitar o Cemitério da Soledade, em Belém, não esqueça de visitar seu túmulo, e lhe depositar uma rosa vermelha; e não se assuste se noutro dia a rosa tenha se tornado sangue.

Jazigo da familia de Antonio Theodorico da Silva Penna / Foto : Divulgação

Jazigo da familia de Antonio Theodorico da Silva Penna / Foto : Divulgação

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Assista o vídeo que fiz chamado Conheça a verdade sobre a Camille Monfort, a Vampira da Amazônia!

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Sou o idealizador do No Amazonas é Assim e um apaixonado pela nossa terra. Gravo vídeos sobre cultura, comunicação digital, turismo e empreendedorismo além de políticas públicas.

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