De acordo com uma nota publicada no Diário Oficial do Município (DOM) de Belo Horizonte tem causado polêmica e não é pouca não! Isso porque a ‘cartilha do folião’, alerta para práticas não racistas, sexistas e misógenas no carnaval, além claro, da apropriação cultural.
O texto diz que “algumas fantasias e atitudes expressam racismo, machismo e LGBTfobia; devendo, portanto, serem combatidas”.
“O uso de perucas ‘blackpower’, ‘nega maluca’, ‘dreadlocks’ e toucas com tranças (…) traduzem-se como desrespeito aos símbolos da resistência negra, às formas padronizadas de beleza e outras imposições aos corpos negros”.
E o que dizer de uma das fantasias mais comuns do carnaval? Segundo a nota, é preciso cuidado com a “trans-fake” ou homem vestido de mulher porque, “além de ser machista e desrespeitoso com as mulheres, (…) de maneira descompromissada e jocosa (…) essa ‘moda’ é preconceituosa com as pessoas trans e apenas reforça os estereótipos de gênero”.
A Associação de Travestis e Transexuais de Belo Horizonte não vê problemas com a fantasia. “Eu vejo preconceito desde o momento que atinge as pessoas verbalmente ou alguma coisa assim. Mas visualmente eu não acredito, não”, diz a vice-presidente da entidade, Luiza de Carvalho.
Homens fantasiados de Mulheres em Manaus / Divulgação
A publicação também cita as fantasias de ciganos e orienta que usar bandanas no carnaval, lantejoulas e moedinhas reforça o racismo.
Segundo a prefeitura, a nota de orientação para práticas não racistas no carnaval é de iniciativa e autoria do Conselho Municipal de Promoção de Igualdade Racial e está sendo publicada pelo segundo ano como forma de fomentar que o carnaval de Belo Horizonte seja um ambiente de respeito e sem práticas racistas.
Ainda de acordo com a administração municipal, a nota será compartilhada com os blocos e demais parceiros no carnaval e se propõe como um guia de orientações de boas práticas.
Em Manaus
Um dos blocos mais badalados de Manaus é o Bloco das Piranhas, no qual homens saem fantasiados de mulher, personagens e até fazem homenagens. Ano passado, uma fantasia muito criativa acabou se destacando em vários blocos de carnaval, a fantasia do professor de dança Naldo Estrela, de 40 anos, do “Pabllo Vittar”.
Para ele, era “uma maneira de homenagem fazer o cantor e ‘vir’ curtir o carnaval”, disse. “Todos os anos viemos brincar aqui no Bloco das Piranhas e seguimos a tradição do homem se vestir de mulher. Estamos todos juntos contra o preconceito”, disse o professor.