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Manaus, AM, terça, 07 de janeiro de 2025

Memórias do Amazonas

Conheça a história do cemitério São José que ficava em frente a Praça da Saudade em Manaus

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Retrato do Cemitério São José em 1913. Foto que pertence ao acervo do Jornal do Comércio, ampliado com IA por Marcus Pessoa
Retrato do Cemitério São José em 1913. Foto que pertence ao acervo do Jornal do Comércio, ampliado com IA por Marcus Pessoa

O Cemitério São José foi um marco na história urbana de Manaus, situado em uma área que, atualmente, abriga a sede do Atlético Rio Negro Clube.

Este cemitério surgiu como uma resposta à necessidade urgente de um local adequado para os sepultamentos na cidade, que até então aconteciam em áreas próximas a igrejas, como no largo da Trincheira e nas imediações da Igreja de Nossa Senhora dos Remédios, onde os corpos eram enterrados em covas rasas, atraindo animais e comprometendo a saúde pública.

Cemitério dos Remédios / Foto : Divulgação

Cemitério dos Remédios / Foto : Divulgação

A iniciativa para a construção do cemitério veio em 1853, por meio do presidente da Província do Amazonas, Herculano Ferreira Penna. Em 1854, a área próxima à Igreja dos Remédios foi cercada e preparada como uma necrópole provisória, enquanto se planejava um campo santo definitivo. Essa decisão visava centralizar os sepultamentos e evitar as práticas de inumações em templos ou átrios, como determinava o Código de Posturas Municipais.

Presidente da Província, Herculano Ferreira Penna / Foto : Divulgação

Presidente da Província, Herculano Ferreira Penna / Foto : Divulgação

A construção do Cemitério São José foi iniciada em 1856 em um terreno de mais de 8 mil metros quadrados, delimitado pelas ruas Ramos Ferreira, Luiz Antony, Estrada de Epaminondas (atual Avenida Epaminondas) e o Beco dos Inocentes (hoje Rua Simón Bolívar). O cemitério recebeu seu primeiro sepultamento em 7 de março daquele ano, com o enterro do comerciante cearense João Fleury da Silva, que faleceu aos 44 anos. Nos primeiros anos, o local não tinha infraestrutura como cerca ou capela, fato que foi lamentado pelo então presidente da Província, João Pedro Dias Vieira, devido à falta de operários e ao clima chuvoso.

Cemitério São José / Foto : Divulgação

Cemitério São José / Foto : Divulgação

Em 1858, a área foi cercada com madeira, e uma pequena igreja foi erguida no centro do terreno, concluída em 1859. Nos três primeiros anos, o cemitério registrou cerca de 400 sepultamentos. Posteriormente, em 1866, foram contratadas obras para construção de um muro em alvenaria e a instalação de um gradil e portão de ferro na entrada principal, na Estrada de Epaminondas.

Já em 1875, o presidente da Província, Domingos Monteiro Peixoto, alertava para a saturação do cemitério, mas a situação só piorou com o passar dos anos. Em 1887, a Inspetoria de Higiene Pública sugeriu transferir os sepultamentos para o Cemitério dos Variolosos, situado na margem direita do igarapé da Cachoeira Grande, mas a falta de recursos impediu a construção de uma capela ou de uma ponte para facilitar o acesso. Como solução provisória, a área do Cemitério São José foi ampliada para o norte.

Retrato do Cemitério São José em 1913. Foto que pertence ao acervo do Jornal do Comércio, ampliado com IA por Marcus Pessoa

Retrato do Cemitério São José em 1913. Foto que pertence ao acervo do Jornal do Comércio, ampliado com IA por Marcus Pessoa

Em 1888, o espaço já estava novamente saturado, e os sepultamentos passaram a ser direcionados para o Cemitério São Raimundo, destinado às vítimas de epidemias. O último registro oficial de inumação no São José ocorreu em 16 de julho de 1890, com o sepultamento de Sebastião Gentil de Faria e Sousa, de 16 anos. Em 1891, um decreto estadual proibiu, de forma definitiva, novas sepulturas no local.

Retrato da estrada de Epaminondas feita por Ermano Estradelli em 1884. / Foto : Ermano Estradelli

Retrato da estrada de Epaminondas feita por Ermano Estradelli em 1884. / Foto : Ermano Estradelli

No final do século XIX, a capela original do cemitério, construída em madeira, já apresentava condições precárias. Em 1892, foi lançada a pedra fundamental para a construção de uma nova capela. Em 1894, iniciou-se o processo de transformação do cemitério em um jardim, com os restos mortais sendo transferidos para o Cemitério São João Batista, localizado em outra parte da cidade. Contudo, a execução dessa ideia só ocorreu na década de 1930.

Cemitério São João Batista no início do século passado / Foto : Divulgação

Cemitério São João Batista no início do século passado / Foto : Divulgação

Em 1901, o cônego José Henrique Felix da Cruz Dacia solicitou à Prefeitura autorização para realizar missas e outras atividades religiosas na capela do Cemitério São José, atendendo aos pedidos das famílias cujos entes estavam enterrados ali. Em 1926, a Prefeitura começou a remover os túmulos perpetuados e a transferi-los para o Cemitério São João Batista. Em 1932, o gradil da frente do Cemitério São José foi cedido ao Colégio Dom Bosco, e o terreno passou a ser transformado em um jardim denominado Jardim São José, que teve apenas seis anos de existência.

Jardim São José em frente à Praça da Saudade / Foto : Divulgação

Jardim São José em frente à Praça da Saudade / Foto : Divulgação

Finalmente, em 1938, o terreno foi doado ao Atlético Rio Negro Clube, fundado em 13 de novembro de 1913 como Athletic Rio Negro Club e mais tarde rebatizado com a grafia atual. A área passou a abrigar a sede social do clube, que permanece até hoje. O Atlético Rio Negro Clube, localizado na Avenida Epaminondas, é um dos mais tradicionais do Amazonas, com destaque em modalidades esportivas como futebol e vôlei. Atualmente, sua infraestrutura inclui quadras esportivas, piscinas, salões de festa e espaços para diversas atividades culturais e esportivas.

Atlético Rio Negro Clube já constuído no Jardim São José em frente à Praça da Saudade / Foto : Divulgação

Atlético Rio Negro Clube já constuído no Jardim São José em frente à Praça da Saudade / Foto : Divulgação

Essa rica trajetória do Cemitério São José até sua transformação na sede do Atlético Rio Negro Clube reflete as transformações urbanas e sociais de Manaus ao longo dos séculos XIX e XX. A área carrega memórias de um passado marcado por desafios de saúde pública e urbanização, que foram superados com o tempo.

sede do Atlético Rio Negro Clube

Sede do Atlético Rio Negro Clube / Foto : Divulgação

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