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5 anos atrásno
Hoje em dia, poucos amazonenses conhecem a Lenda do Cavalo-Marinho, da Ilha do Cavalo- Marinho, ao longo do rio Uaicurapá. A Ilha, também conhecida como a Ilha do Monstro Marinho, por sua conformação semelhante à um animal gigantesco saído das águas é um local de tradição folclórica amazonense.
A lenda nasce da curiosidade de ter uma referência do cavalo-marinho em uma lenda nascida em plena floresta, no coração da Amazônia, a milhares de quilômetros do Oceano Atlântico e isso pode ter várias origens: Ou foi gerada por colonizadores vindos de além-mar para explicar a mudança ambiental na região do Rio Uaicurapá, ou baseada na memória indígena que, em tempos idos, teria registrado a presença do peixe teleósteo naquela área.
Essa teoria, embora remota, não é totalmente descartada, visto que o zoólogo canadense Daniel R. Brooks opina que há evidências biológicas de que peixes do Oceano Pacífico subiram o Amazonas e acabaram sendo reforçadas por descobertas paleontológicas no Peru e Colômbia, onde foram encontrados fósseis de arraias anteriores ao momento em que o rio começou a desaguar no Atlântico.
A lenda – Segundo pesquisas da professora parintinense, Odinéia Andrade,
A Ilha do Cavalo-marinho, localizada no rio Uaicurapá, hoje inóspita e desabitada, em tempos que lá se vão, era de muita fartura. Circulando a ilha, havia uma aba de praia arenosa, muito branquinha. No cimo dessa ilha, uma colina. No centro uma concavidade abrigando um lago de águas cristalinas, contornado por árvores de todo porte e de vários matizes, berço de seres de rara beleza.
A ilha tinha algo de sobrenatural: ótima posição geográfica e cercada por belezas exóticas, onde a diversidade da fauna e da flora mais parecia um paraíso, sob a égide do uirapuru que com sua flauta de cristal, colocava toda a olha aos seus pés.
Nessa ilha morava uma família indígena: marido, mulher e filhos que receberam a posse dela e toda sua fartura das mãos do Moisés tapuio, o deus Jurupari.
No lado de águas cristalinas, a piscosidade era de grande variedade.
De tudo poderiam usufruir, sem, no entanto, depredar. O lago fornecia o peixe, e a mata em sua variedade, os frutos, as flores e a sombra. A caça era abundante e Jurupari, com o fiel da balança nas mãos, recomendou preservar a ilha. ”Se permitirem a devastação ou o uso indevido, tudo aqui será amaldiçoado”, advertiu o legislador.
Um belo dia aportou na ilha uma igarité conduzida por homens de peles tostadas, com remos de faia nas mãos que iam de cá pra lá sempre calados. Risonhos, solícitos, sempre oferecendo em troca de seus interesses, panelas, tecidos, enxadas, eles seduziram os donos da ilha. E, sob a tolda de palha em igarité, mulheres enfeitadas, sorriam. Desfiles de mostras de bugigangas. Sorrisos e mais sorrisos. Alguns presentes.
A família da ilha se ilude, cede e começa a mostrar as belezas dadivosas. Muitas trocas entre eles. Promessas sedutoras levam a pequenez humana a dizimar, assassinar o que de mais belo a ilha possuía: uma natureza pródiga e rica.
Tudo acabou. Tudo silenciou. A ilha ficou deserta.
Segundo a crença do povo, o lago tornou-se habitado apenas por um peixe grande que tem as formas de um cavalo. Recebeu o nome dos vizinhos das redondezas, da época, de Cavalo-marinho. O terreno era de terra, de belo aspecto, mas o terror ao fantástico monstro impediu a sua exploração, o seu desenvolvimento. No verão, quando as praias estão descobertas encontra-se em diferentes pontos, restos de ossos, cabelo, escamas, penas, etc. Os índios dizem que eram fezes lançadas pelo peixe misterioso. A desobediência transformou a ilha em porto solidão, tendo somente o horizonte como companhia.
Este ser sobrenatural, em forma de cavalo-marinho também foi citado por Luiz da Camara Cascudo em seu Dicionário do Folclore Brasileiro.
TOADA PARA ESTA LENDA – Cavalo encantado
Uma composição de Erick Nakanome / Keandro Tavares / Ronaldo Rodrigues / Tarcísio Coimbra (2011)
Se o rebojo voraz
for ouvido no lago suspenso do Uaicurapá
desespero , agonia e medo
dominam a noite crepuscular
Emerge das profundezas
rompendo as correntezas
grandioso , aquático equino
Emerge das profundezas
rompendo as correntezas
fabuloso cavalo marinho
Criatura descomunal
crina dourada
guelras flamejantes
escamas de ouro
barbatanas aterrorizantes
Cauda armada de esporão
galopa nas águas da escuridão
criatura que emerge das águas
vem apavorar
cauda armada de esporão
flutua nas águas da escuridão
indomável cavalo-encantado do Uaicurapá
Guardião dos rios
Defensor da natureza
pesadelo do caboclo destruidor
cavalo marinho das águas do Uaicurapá
soberano gigantesco da escuridão
https://www.youtube.com/watch?v=Rv7dZ2z9Te4
Sou o idealizador do No Amazonas é Assim e um apaixonado pela nossa terra. Gravo vídeos sobre cultura, comunicação digital, turismo e empreendedorismo além de políticas públicas.
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