Publicado
9 anos atrásno
Por
Jussara Melo
Hoje, domingo (17/4), o país vive um momento histórico, similar ao que ocorreu na tarde do dia 29 de setembro de 1992. Naquela terça-feira, a Câmara dos Deputados se reuniu e decidiu, por 441 votos a favor, autorizar o Senado a abrir processo de impeachment contra o então presidente Fernando Collor de Mello (à época no PRN).
Se confirmada, hoje (17/4), a aprovação na Câmara, Dilma Rousseff será a segunda presidente do país a ter julgamento autorizado pela Casa.
Em 1992, o julgamento na Câmara teve uma série de fatos curiosos e marcantes, a começar por ser um dia da semana (uma terça-feira), pela ausência de manifestações contrárias ao impeachment, pelo “sumiço” de deputados do bloco governista e por um deputado que deixou o hospital apenas para votar pelo impeachment.
Voto em cadeira de roda: O deputado Roberto Campos (PDS-RJ), estava na época internado por complicações devido à diabetes. Mesmo assim votou pelo impeachment em uma cadeira de rodas. E após receber aplausos, voltou para o hospital.
Primeiro voto contra: O primeiro voto contrário ao impeachment veio justamente daquele que, pela ordem alfabética, seria o primeiro a votar: o deputado Abelardo Lupion (PFL-PR). A votação terminou em 441 votos a favor e 38 contrários. Hoje, o deputado federal está no DEM e votará a favor do impeachment contra Dilma Rousseff.
Uma só Torcida: A votação do impeachment em 1992 foi em um dia da semana, e teve uma única torcida na frente do Congresso. Vestidos predominantemente de preto e com listras verdes e amarelas nos rostos, os 100 mil manifestantes, segundo informou a polícia, pressionaram pelo voto de abertura do processo. Houve manifestações em 16 cidades, que somaram 500 mil pessoas. Não houve registro de atos expressivos a favor de Collor.
Cantado Vitória: antes da votação, deputados dos dois lados chegaram cantando vitória ao plenário. O número necessário para passar o processo era de 336. Hoje, são 513 os deputados e os dois terços necessários para avançar o processo somam 342.
Por Deus: Para acelerar a votação, Ibsen Pinheiro pediu que os votos não tivessem discursos, mas muitos deputados ignoraram a proposta. Falaram de Deus, de familiares, de suas cidades e Estados. Igualzinho os discursos que estão acontecendo desde a sexta-feira, (15/4).
“Nem Collor, nem Itamar”: Presente na discussão atual, o tema de novas eleições gerais foi bem menos tocado, mas não passou batido. Hoje é o Temer que temos.
Encerramento da votação foi emocionante com o Hino Brasileiro: A votação, que havia começado às 17h15, foi então interrompida às 18h50 para que o plenário cantasse o Hino Nacional. Do lado de fora do Congresso, houve queima de fogos.
Tão só, no gabinete: No momento da votação, Collor contou que ficou sozinho no gabinete do Palácio do Planalto. Ele disse em entrevista ao jornalista Geneton Moraes Neto que não assistiu à votação e estava somente com a luz da mesa acesa. Ele soube da aprovação da abertura de processo pelos gritos e manifestações de alegria nas ruas. “Estou perdido”, foi o que disse ter pensado na hora. Como será com a Dilma ?
Carta de demissão de “geral”: Na tarde da votação do impeachment, Collor recebeu uma carta de demissão coletiva de seus ministros. Ele foi alertado da derrota iminente na Câmara por seu coordenador político, Ricardo Fiúza, que sugeriu que o então presidente renunciasse. Collor não aceitou a ideia e disse esperar por “erros de Itamar” para retornar ao poder.
Collor, o “Corrupto”: Na sessão de debates que antecedeu a votação, o então presidente Collor foi alvo de duros ataques de deputados, que tentavam convencer os indecisos. Collor foi chamado de “assaltante”, “chefe de quadrilha”, “corrupto” e “ladrão de gravata”. Deputados da situação afirmavam, assim como hoje, que se tratava de um golpe.
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