chegar em casa depois de um dia cansativo, tomar um banho e dormir. Um sono saudável é extremamente importante para recuperar seu corpo e prepará-lo para um novo dia. Porém, devido a agitação do dia a dia, nem sempre é isso que acontece.
Com certeza, todos nós sabemos que a falta de sono tem um efeito grande na nossa produtividade do dia seguinte. E mais sério do que uma indisposição, a relação entre sono insatisfatório e sintomas de demência é estudada há anos. Contudo, ainda existe muita coisa que os pesquisadores não sabem sobre como a falta de sono pode contribuir para o declínio cognitivo em condições como por exemplo, a doença de Alzheimer.
Uma limitação enfrentada pelos pesquisadores é que vários estudos observacionais, que analisaram a duração do sono e a demência, tem algumas janelas de acompanhamento relativamente curtas. Ou então eles examinaram somente pessoas idosas no início, sendo que os sintomas de demência costumam acontecer ao longo de décadas e podem começar a surgir bem mais cedo na vida das pessoas.
Estudo
Então uma equipe liderada pela epidemiologista Séverine Sabia, da Universidade de Paris, analisou os dados de Whitehall II, que é um estudo contínuo longitudinal da saúde de mais de 10 mil funcionários públicos britânicos. Eles fizeram esse estudo para conseguir uma análise de longo prazo, examinando como o sono que levam na velhice pode influenciar nos resultados de demência.
O estudo de Whitehall II começou em 1985. Por isso ele dá um conjunto de dados abrangente de mais de três décadas. Isso dá aos pesquisadores várias evidências para serem examinadas e ver se e como a duração e qualidade do sono na meia-idade e em diante pode estar relacionada com os diagnósticos de demência.
“A curta duração do sono persistente aos 50, 60 e 70 anos de idade em comparação com a duração do sono normal persistente foi associada a um aumento de 30% no risco de demência, independentemente de fatores sociodemográficos, comportamentais, cardiometabólicos e de saúde mental”, escreveram os pesquisadores.
Análises
Um ponto importante é que esses estudos são apenas observacionais. Isso significa que a ligação descoberta é somente uma correlação entre sono curto e risco aumentado, e não um mecanismo casual,
Ou seja, os pesquisadores não estão afirmando que o sono ruim causa demência. Eles somente apontam que muitas pessoas do estudo de Whitehall II que desenvolveram demência mais tarde tendiam a dormir menos do que os outros participantes que eram menos propensos a desenvolver a doença.
Nesse estudo, a duração de um sono normal foi definida como sete horas por noite. E oito ou mais horas de sono já era definido como um sono longo. A duração curta foi de seis ou menos horas por noite. E aqueles que só dormiam consistentemente essa quantidade por noite tinham um maior risco de desenvolver demência em todas as idades.
Enquanto as pessoas que dormiam uma quantidade normal de sono mostraram uma menor incidência de demência. E não existia nenhuma evidência clara de uma ligação entre a duração do sono e a demência.
Relação
Por mais que o estudo se baseie em dados autorrelatados pelos participantes, essas descobertas ajudam a fortalecer o conhecimento dos pesquisadores a respeito dos laços entre sono insatisfatório e demência. Mesmo que a causa desses mecanismos ainda sejam enigmáticos e várias pesquisas adicionais sejam necessárias.
“Como a demência resulta de mudanças no cérebro, não é surpreendente que as pessoas com demência frequentemente tenham padrões de sono perturbados. Talvez seja simplesmente um sinal muito precoce da demência que está por vir, mas também é bastante provável que o sono insatisfatório não seja bom para o cérebro e o deixe vulnerável a doenças neurodegenerativas como a doença de Alzheimer”, concluiu o psiquiatra e pesquisador de demência Tom Dening da Universidade de Nottingham no Reino Unido, que não esteve envolvido no estudo.