Manaus
Entrevista com o arquiteto que projetou a Arena da Amazônia
Publicado
12 anos atrásno
Recentemente voltou-se a criar polêmica sobre a construção do Estádio Arena da Amazônia em Manaus, ok, concordo que é um estádio faraônico, porém, isso não dá o direito a condenar um Estado devido a má fase do seu futebol regional, ao menos penso. O estádio de Manaus será nos moldes dos grandes estádios europeus, talvez isso mexa com o ego de algumas pessoas de fora, visto que seus estádios serão basicuzão. O formato da Arena da Amazônia (alusão a um grande paneiro) vem inspirado também de outros estádios. Talvez o que mais se aproxime seja o estádio alemão chamado Allianz Arena.
O padrão de conforto nos estádios no Brasil pós-Copa deverá mudar, para melhor. Obras como Arena Amazônia, Arena Fonte Nova (BA) e Arena Pantanal (MT) serão muito mais parecidas com a alemã Allianz Arena do que com o Pacaembu ou a Ilha do Retiro (PE).
Isso não é coincidência, o arquiteto Ralph Amann , responsável pelo projeto do estádio de Manaus, fala sobre o projeto da Arena da Amazônia em uma entrevista publicada no portal da copa, essa entrevista é antiga (afinal o projeto é antigo), porém, muitas pessoas se quer a conhecem, digo, jornalistas, pois a população também, não tem muito interesse em saber quem projetou ou quem colaborou, quer saber é de ver GOL.
Parte das novas arenas adota como medida protetiva contra a invasão do gramado o conhecido fosso de concreto, presente em praças esportivas brasileiras, como o Mineirão, que manterá um fosso de três metros, ou o Maracanã. Mas há também novidades absolutas e até a inexistência total de obstáculos físicos entre a plateia e o campo.
Existe a Lei Geral da Copa, sancionada pela presidentE Dilma, que visa cumprir as garantias assumidas pelo governo brasileiro com a Federação Internacional de Futebol (Fifa) e vale também para a Copa das Confederações, que será realizada agora em 2013. Sobre o valor dos ingressos serão aplicados 4 preços de acordo com a categoria. A “categoria 4” terá entradas a US$ 50, mas estudantes, idosos e beneficiários de programas de transferência de renda pagarão metade desse valor. Os ingressos da “categoria 3” custarão cerca de US$ 100, a “categoria 2” deverá ter entradas a US$ 450, e os ingressos da “categoria 1” custarão em torno de US$ 900.
Dito, isto, vamos ao que interessa, a entrevista com o arquiteto que projetou a Arena da Amazônia.
No Brasil, 90% da energia elétrica é limpa, gerada por hidrelétricas, e seu custo também é baixo. A discussão da energia solar é inevitável hoje em dia, mas depende da sustentabilidade financeira. No momento, a questão da energia solar tem mais apelo político e educativo do que econômico
Como funciona o sistema de reciclagem de água do Vivaldão?
Quando se fala nesse assunto, geralmente pensamos na captação da água da chuva que cai na cobertura. Nesse caso, ela é estocada numa cisterna subterrânea e tem vários usos. Um deles é a irrigação do campo. Mas, para isso, essa água deverá ser tratada, porque o gramado é uma “ciência em si mesmo”. Existem engenheiros especializados apenas em gramados, e guardam suas fórmulas como se fossem a receita da Coca-Cola.
Que outros fins pode ter a água reciclada?
Ela pode ser usada em vasos sanitários e também para aquecimento e resfriamento do sistema de ar-condicionado, o que economiza energia elétrica. Para esse sistema em particular também pode ser usada água do lençol freático, que é uma coisa de que poucos falam. Hoje em dia é recomendável fazer pisos e revestimentos permeáveis. Eles determinam a quantidade de água que será armazenada e a que vai para a irrigação do solo.
E a reciclagem do lixo, gerado dentro do estádio? O que o projeto prevê para lidar com essa situação?
A reciclagem não é feita no estádio, ele é levado para uma usina de reciclagem. O que está sendo previsto para o Vivaldão são pontos estratégicos para coleta e separação de lixo. Também está previsto que as empresas que participem do evento (patrocinadoras da Fifa) também utilizem materiais recicláveis.
O custo do Vivaldão gira em torno de R$ 580 milhões. Quanto desse valor será usado nesses sistemas?
A questão da energia limpa não envolve valores extraordinários. É simplesmente usar de maneira inteligente e lógica a tecnologia de última geração disponível. Energia fotovoltaica é o único item em que há investimento adicional. O resto são instalações mais ou menos comuns. A questão é o know-how que você precisa para aplicar essa tecnologia.
A construção de uma cobertura no estádio não entra em contradição com o conceito de sustentabilidade, já que ela usa mais material e gera custos de manutenção?
Mas qual a alternativa? Estádios sem cobertura? Em primeiro lugar, a Fifa recomenda fortemente a instalação das coberturas. Esta é uma tendência que observamos das últimas Copas para cá. Em outras Copas havia estádios sem cobertura, mas isso está se transformando. Na Alemanha, por exemplo, todos os estádios têm cobertura.
A cobertura também interfere na qualidade do gramado, que é um dos itens mais caros do estádio. Como minimizar os prejuízos?
Nós fazemos estudos de incidência da luz solar no estádio de modo que o gramado sempre receba essa luz. Em estádios onde o raio de incidência solar é mais baixo, aumentamos o grau de elementos translúcidos da cobertura. Em Manaus, por exemplo, usaremos membranas de PTFE, que possui vários graus de translucidez.
Qual foi o critério para a escolha dos materias que serão usados na construção do Vivaldão?
Para nós é importante sempre usar o máximo possível o material que existe no país, mas principalmente na região. Isso economiza custos. A única coisa que não existe aqui é a membrana de PTFE. Mas está sendo estudada sua produção no país. Em Manaus é fundamental usar o máximo possível de concreto, porque existe uma alta capacidade das empresas brasileiras para trabalhar com esse material. A cobertura é de vigas quadrangulares de aço, feitas sob medida, mas por empresas brasileiras.
O antigo Vivaldão será demolido. O que será feito com o entulho da demolição?
Uma parte será usada na construção, e outra para fazer aterros em locais próximos ao estádio. O objetivo é reutilizar o máximo do material no próprio local
Você considera sustentável usar tecnologias avançadas em um lugar como Manaus, que tem problemas sociais graves como os de saneamento básico? Será que Manaus precisaria de um estádio de 500 milhões em vez de resolver seus problemas mais básicos?
Isso está sendo feito paralelamente. Existe o Prosamin (programa estadual), internacionalmente elogiado, de saneamento e moradia, construindo casas e apartamentos para a classe baixa com alto nível de qualidade. Esses investimentos continuarão. O estádio faz parte de uma visão mais ampla. O evento é muito importante para a visibilidade internacional de Manaus e ajudará a atrair investimentos que trarão mais renda que o custo do estádio.
Já que Manaus não tem campeonatos de futebol muito ativos, é possível evitar que o Vivaldão fique parado depois da Copa?
Nós somos os projetistas do estádio e deixamos de atuar assim que ele estiver pronto. Agora, pela nossa experiência, sabemos que hoje em dia os estádios não são usados só para futebol. Eventos que trazem renda, como shows, exposições, cultos religiosos e outras modalidades esportivas podem ser explorados.
Nossa experiência mostra que o atletismo é mais um obstáculo do que um fator de rentabilidade nos estádios, porque suas instalações exigem mais área e isso aumenta muito o custo da obra
Existe alguma exigência para transformar o Vivaldão em estádio de múltiplo uso, principalmente para receber outras modalidades esportivas?
Isso está sendo uma exigência. Mas não o atletismo, por exemplo. Segundo nossa experiência, o atletismo é mais um obstáculo do que um fator de rentabilidade nos estádios, porque suas instalações exigem mais área e isso aumenta muito o custo da obra.
Haverá espaço para lojas e outros equipamentos que gerem renda para o estádio?
Não dentro do estádio, mas o governo está estudando opções de comércio no entorno. O estádio está assentado numa área que terá equipamentos de esporte e de lazer, portanto altamente interessante para investimentos privados em comércio e emprendimentos imobiliários.
Para concluir, uma pergunta sobre a fidelidade ao projeto. No Brasil é comum haver modificação dos projetos de arquitetura durante as obra. Sob este aspecto, como foi a experiência da GMP na Alemanha, Áfica do Sul e China?
Cada país tem a sua característica e a sua cultura. Em alguns países o acompanhamento é mais forte. Na África do Sul e na China mantivemos equipes no local. Isso não é o mesmo que o gerenciamento da obra, mas uma questão de controle de qualidade. No Brasil estamos prevendo a mesma coisa.
entrevista por : Rafael Massimino – São Paulo
postado em 06/07/2009 12:43 h
atualizado em 07/09/2010 10:51 h
kibado em 16/04/2013 6:26h
Sou o idealizador do No Amazonas é Assim e um apaixonado pela nossa terra. Gravo vídeos sobre cultura, comunicação digital, turismo e empreendedorismo além de políticas públicas.
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