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4 anos atrásno
Satélites detectaram nos últimos dias uma enorme mancha opaca encobrindo parte do Oceano Atlântico. Segundo a BCC, trata-se de uma nuvem de poeira que está indo do Saara até o caribe.
O evento é apelidado de “nuvem de poeira Godzilla” e consiste em uma massa de ar muito seco com poeira do deserto africano se movendo em direção às Américas. É um fenômeno comum e ocorre anualmente, mas parece que em 2020 ele se intensificou.
No Caribe, os efeitos já são sentidos. Em vários países existe a recomendação para que os cidadãos usem máscaras e evitem atividades ao ar livre, dada a alta concentração de partículas no ar. Navios também foram advertidos sobre a baixa visibilidade para navegação.
De acordo com Olga Mayol, especialista do Instituto de Estudos de Ecossistemas Tropicais da Universidade de Porto Rico, a atual nuvem tem a concentração mais alta de partículas de poeira observadas na região nos últimos 50 anos.
O fenômeno começou a ser observado em uma área do oeste da África há uma semana e agora já percorreu mais de cinco mil quilômetros pelo mar até o Caribe, passando por terra em partes dos continentes americanos, como a Venezuela.
A Administração Nacional Oceânica e Atmosférica dos Estados Unidos (NOAA, na sigla em inglês) prevê que ‘Godzilla’ continuará se movendo rumo ao oeste pelo Mar do Caribe, alcançando áreas do norte da América do Sul, América Central e da Costa do Golfo dos Estados Unidos nos próximos dias. O Brasil não deve ser atingido.
O que é?
Essa massa de ar seco e carregada de partículas de areia se forma sobre o deserto do Saara no final da primavera, no verão e no começo do outono no Hemisfério Norte, e geralmente se desloca em direção ao Oeste sobre o Oceano Atlântico a cada três ou cinco dias.
Quando ocorre, costuma ser de curta duração, não superior a uma semana. Porém a presença de ventos suaves em certas épocas do ano a tornam mais propensa a cruzar o Atlântico e percorrer mais de dez mil quilômetros.
De acordo com a NOAA, a cada ano, mais de cem milhões de toneladas de poeira saariana sopram da África — e algumas partículas já chegaram até o Rio Amazonas. A camada geralmente tem entre três e cinco quilômetros de espessura, e se encontra a uma altura de um a dois quilômetros na atmosfera.
O calor da camada ajuda a estabilizar a atmosfera quando o ar quente da nuvem passa por cima de ares mais frios e densos. A poeira mineral absorve luz solar, o que contribui para regular a temperatura do planeta. Também há a reposição nutrientes nos solos das zonas tropicais, que são afetados por chuvas. Alguns dos químicos podem ajudar a vida nos oceanos.
No entanto, ainda segundo a BCC, especialistas também alertaram para a presença de alguns elementos tóxicos que podem ser nocivos para algumas espécies, como os corais. De acordo com a NOAA, o calor, a secura e os fortes ventos associados a esta camada de ar saariana suprimem também a formação e intensificação de ciclones e furacões.
O Centro Nacional de Furacões dos Estados Unidos projetou para 2020 uma temporada mais intensa do que o habitual, mas se nuvens como essas se formarem nos próximos meses elas podem contribuir para que os furacões sejam enfraquecidos.
Já em relação aos impactos nos humanos, a qualidade do ar é consideravelmente afetada e isso pode ter atingir a saúde humana. O ar seco e empoeirado tem aproximadamente 50% menos umidade do que a atmosfera tropical típica, o que pode afetar a pele e os pulmões.
O alto teor de partículas também pode ser nocivo para pessoas com problemas respiratórios, causando alergias e irritações nos olhos. No contexto atual, com a epidemia do coronavírus, as autoridades sanitárias de alguns países têm alertado sobre o risco extra da nuvem de poeira para pessoas com problemas respiratórios.
Sou o idealizador do No Amazonas é Assim e um apaixonado pela nossa terra. Gravo vídeos sobre cultura, comunicação digital, turismo e empreendedorismo além de políticas públicas.