Um pesquisador alemão que passou mais de dois anos estudando a vida de anfíbios na região amazônica pertencente à Guiana, Guiana Francesa e Brasil descobriu a existência de um novo gênero de “sapos zumbis”, animais que vivem em áreas remotas, têm cerca de quatro centímetros e hábitos noturnos, fazendo barulhos específicos que chamaram atenção do especialista.
A princípio, Raffael Ernst tinha viajado pata a região para pesquisar como a falta de biodiversidade causada pelos humanos impactava os anfíbios da Amazônia, mas se deparou com a nova espécie e chamou reforços, se juntando a um grupo internacional de cientistas que fizeram meses de trabalho de campo na floresta. As condições de busca pelo animal inspiraram o alemão na hora do batismo da nova espécie de “sapo alaranjado” encontrado na lama e com maior atividade em períodos de chuva.
‘Sapo zumbi’ foi identificado por cientista alemão na Amazônia / Foto : Antoine Fouqet/Science Direct/Reprodução de estudo
“Escolhemos este nome porque os pesquisadores pareciam verdadeiros zumbis enquanto cavavam o chão procurando pelos sapos”, afirmou em entrevista ao jornal alemão Deutsche Welle. Nas pesquisas de campo, o herpetólogo encontrou três espécies diferentes do mesmo gênero do sapo, classificado como Synapturanus.
Ele estima, porém, que a região amazônica tenha até seis vezes mais espécies do gênero do que as encontradas. O animal não apresenta qualquer risco ao ser humano, mas se esconde com facilidade e passa pouco tempo exposto, fazendo a maior parte das suas atividades na lama. Entre as diferenças da espécie em relação a outras estão olhos menores, falanges com tamanho reduzido e um “corpo mais largo”.
O encontro do pesquisador com uma nova espécie enquanto pesquisava o risco sofrido pelos anfíbios não quer dizer que os “sapos zumbis” não estejam ameaçados de extinção. Ernst explicou que a Amazônia tem a maior biodiversidade de anfíbios do mundo e que animais como sapos dependem diretamente da qualidade da água e da preservação do ambiente para fazer o processo de respiração pela pele. Segundo ele, atividades ilegais de mineração e desmatamento realizadas na região Norte do Brasil são algumas das principais ameaças para a vida dos bichos.
“As ameaças são muitas e, além disso, nós também temos problemas com mudanças climáticas”, disse ao jornal alemão. As fotos do sapo zumbi foram anexadas ao estudo assinado por Ernst e outros 11 pesquisadores na revista científica Science Direct.
‘Sapo zumbi’ foi identificado por cientista alemão na Amazônia / Foto : Antoine Fouqet/Science Direct/Reprodução de estudo