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Manaus, AM, Sábado, 27 de Abril de 2024

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4 espécies de peixes transparentes que vivem na Amazônia

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Cyanogaster noctivaga / Foto: Ralf Britz

Os rios sinuosos e misteriosos da Amazônia abrigam uma infinidade de criaturas surpreendentes, algumas das quais desafiam nossa compreensão convencional da vida aquática. Para se ter ideia, dados da FAPEAM indicam que a bacia amazônica concentra a maior diversidade de peixes de água doce do mundo, com cerca de 2.257 espécies descritas até 2019. Estima-se que esse número seja 15% das espécies que são conhecidas pela ciência do total conhecido para o hábitat de água doce em todo o mundo.

Entre essas maravilhas aquáticas estão os peixes transparentes, um grupo fascinante de espécies adaptadas para a vida nas águas escuras e sombreadas da floresta tropical. Quatro exemplos notáveis dessa adaptação são o Cyanogaster noctivaga, Priocharax nanus, Ammoglanis obliquus e o Crystal Tetra (Protocheirodon pi).

 

Cyanogaster noctivaga

O Cyanogaster noctivaga é um pequeno peixe, raramente excedendo três centímetros de comprimento, que habita as águas turvas da região amazônica. Sua pele quase translúcida é uma maravilha da evolução, permitindo-lhe praticamente desaparecer em meio ao ambiente aquático. Com olhos grandes e expressivos adaptados à visão noturna, esse peixe consegue detectar movimentos sutis nas águas escuras e escapar de predadores.

Para se ter ideia, em meados de novembro de 2011, durante uma expedição de 15 dias no município de Santa Isabel do Rio Negro, a 846 quilômetros de Manaus, no Amazonas, ocorreu a captura do primeiro exemplar do Cyanogaster noctivaga. O peixinho havia apenas dois centímetros de comprimento e até aquele momento nunca havia sido identificado na literatura científica, de acordo com a líder da expedição, a bióloga Manoela Marinho.

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O objetivo do grupo era capturar peixes de pequeno porte. Os pesquisadores se deslocavam para diferentes áreas do Rio Negro, no município de Santa Isabel do Rio Negro. Só foi possível capturá-los em grande parte à noite, por conta disso, foi constatado que o peixe possui hábitos noturnos.

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Devido às suas características, foi catalogado e denominado como Cyanogaster noctivaga, em referência à coloração e aos hábitos do peixe. Enquanto o primeiro nome “Cyanogaster” significa “estômago azul”, “noctivaga” faz menção ao “vaguear noturno” da espécie.

Para capturar um peixe com 2 centímetros de comprimento e corpo transparente, o grupo de pesquisadores coletou amostras em diferentes locais e habitats nos arredores do município.

Segundo o ictiólogo alemão Ralf Britz, uma noite os pesquisadores jogaram uma rede perto de uma praia rochosa e notaram um número de pequenos peixes transparentes nadando rápido. “A luz das nossas lanternas foi refletida pelos peixes e fez com que os seus corpos ganhassem uma cor azul brilhante. Naquele momento, vimos que tínhamos encontrado algo diferente”, relatou na época.

 

Cyanogaster noctivaga / Foto: Ralf Britz

Cyanogaster noctivaga / Foto: Ralf Britz

Priocharax nanus

Já o Priocharax nanus, também conhecido como “peixe-vidro anão”, é um mestre da camuflagem na Amazônia. Com um corpo transparente e escamas praticamente invisíveis, esse peixe evoluiu para evitar a detecção por predadores e se esconder entre as raízes e vegetação aquática. Sua natureza discreta faz dele um dos habitantes mais elusivos e enigmáticos da região.

Com 15 milímetros de comprimento, o Priocharax nanus foi encontrado pela mesma equipe da descoberta do Cyanogaster noctivaga. E também na região da Santa Isabel do Rio Negro.

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O peixe possui características consideradas únicas, como a forma larval da nadadeira peitoral. O animal tem ainda mais raios na nadadeira pélvica e a presença de ossos que não existem em outras espécies.

O Priocharax nanus apresenta um colorido em vida bem característico, com várias faixas verticais escuras no corpo, pintas pequenas alaranjadas espalhadas pela cabeça, corpo e nadadeiras, envolto sobre um corpo transparente. A espécie tem aproximadamente 15 milímetros de comprimento.

Priocharax nanus / Foto: Ralf Britz

Priocharax nanus / Foto: Ralf Britz

Ammoglanis obliquus

O Ammoglanis obliquus é um peixe-gato minúsculo e enigmático, conhecido por sua habilidade de se enterrar na areia dos rios amazônicos. Sua pele translúcida permite que ele se misture perfeitamente com a areia e detritos, tornando-o praticamente indetectável para olhos desavisados. Essa adaptação incrível não apenas ajuda na proteção contra predadores, mas também facilita a emboscada de pequenas presas.

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No final de agosto de 2019, uma bióloga juntamente com mais dois amigos, realizou uma expedição de quase um mês pela Amazônia, com o objetivo de estudar o candiru, quando estavam passando por uma estrada vicinal em Rio Preto da Eva (município que fica à 78 km de Manaus) e encontraram um banco de areia em um igarapé que não estava entre os locais programados para coletas de peixes. Eles decidiram averiguar o local.

Ao jogarem a rede, “de primeira” acabaram encontrando os peixes do gênero Ammoglanis, bagres minúsculos e semitransparentes, para os quais não havia registro de espécies naquela região.

A espécie cresce até no máximo 1,5 cm e se diferencia de outros peixes do gênero por quantidade e formato de ossos, dentição e número e localização de nadadeiras. O padrão colorido, com diversas manchinhas espalhadas por todo o corpo, só é visto em outro Ammoglanis, o Ammoglanis pulex, encontrado na bacia do Rio Orinoco, na Venezuela.

Ao final de fevereiro, a bióloga Elisabeth Henschel publicou, junto a um grupo de pesquisadores do Laboratório de Sistemática e Evolução de Peixes Teleósteos da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), a descrição do Ammoglanis obliquus no periódico Zoosystematics and Evolution.

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Ammoglanis obliquus / Foto: Elisabeth Henschel

Ammoglanis obliquus / Foto: Elisabeth Henschel

Crystal Tetra (Protocheirodon pi)

Por último, mas não menos importante, o Crystal Tetra (Protocheirodon pi) é uma pequena joia da Amazônia. Com seu corpo quase transparente, revela uma coluna espinhal e órgãos internos claramente visíveis. Esse efeito cria uma visão quase etérea quando um cardume desses peixes se move em harmonia nas águas escuras. Apesar de sua fragilidade aparente, o Crystal Tetra é adaptado para sobreviver nas águas desafiadoras da Amazônia, desempenhando um papel importante na teia alimentar local.

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Encontrado recentemente em Rondônia, o Protocheirodon pi é mais conhecido como Crystal Tetra. É um peixe bem pequeno, chegando a aproximadamente 4 centímetros, e vive em locais que são de ‘água branca’, com a presença de sedimentos, nas margens do rio.

Um estudo publicado em 2016 pelos pesquisadores Richard Vari, Bruno Melo e Claudio Oliveira mapeou os lugares onde o Protocheirodon pi é encontrado. Os principais ficam nas partes central e oeste da bacia amazônica, como os rios Amazonas, Solimões, Purus, Madeira e Ucayali.

Uma das suas características que mais chamam atenção está no seu corpo translúcido e uma bexiga natatória estendida no corpo, que remete a letra grega ‘pi’.

Ele se alimenta principalmente de insetos e sementes que caem no rio. Outro aspecto interessante da espécie é que os machos e as fêmeas são idênticos. Por esse motivo, só é possível identificá-los através da dissecação.

Crystal Tetra (Protocheirodon pi) / Foto: Reprodução/Martin e Peter Hoffmann

Crystal Tetra (Protocheirodon pi) / Foto: Reprodução/Martin e Peter Hoffmann

Esses peixes transparentes da Amazônia são testemunhos da incrível diversidade e adaptação das espécies aos ambientes em que vivem. Suas características notáveis não apenas cativam os amantes da natureza, mas também destacam a importância de preservar esses habitats únicos e frágeis. A beleza e o mistério que envolvem esses peixes servem como lembrança constante da complexidade e maravilha do mundo natural, incentivando-nos a explorar, aprender e proteger os tesouros que a natureza oferece.

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Sou o idealizador do No Amazonas é Assim e um apaixonado pela nossa terra. Gravo vídeos sobre cultura, comunicação digital, turismo e empreendedorismo além de políticas públicas.

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