Na manhã desta quinta-feira (19) no Brasil, e final do dia na Nova Zelândia, o mundo foi surpreendido pela renúncia de uma das mais novas lideranças políticas globais, a primeira-menistra da Nova Zelândia, Jacinda Ardern. O anuncio disse que deixará o cargo de primeira-ministra da Nova Zelândia antes das eleições deste ano, pois não tem mais “combustível suficiente no tanque” para liderar o país.
Jacinda, que possui apenas 42 anos, deu a entrevista emocionada e precisou segurar o choro no momento em que falou sobre como os seis anos “desafiadores” no cargo cobraram seu preço.
Os parlamentares do Partido Trabalhista votarão no domingo para definir o substituto de Ardern.
O anúncio surpreendeu analistas e eleitores. Mas pesquisas indicam que o Partido Trabalhista teria dificuldades caso Ardern tentasse a reeleição no pleito marcado para 14 de outubro.
Ardern disse que tinha reservado um tempo durante as férias de verão para considerar seu futuro, na esperança de encontrar coragem e energia para seguir no cargo.
“Mas, infelizmente, não consegui e eu estaria prestando um péssimo serviço à Nova Zelândia se continuasse no cargo”, disse ela.
Jacinda Adern / Foto : Divulgação
Ardern deixará o cargo até 7 de fevereiro, quando ocorre eleição interna da sua sigla. Se nenhum candidato obtiver o apoio de dois terços dos representantes do partido, haverá uma eleição junto aos filiados.
Ardern foi eleita primeira-ministra em 2017, aos 37 anos, quando se tornou a chefe de governo mais jovem do mundo.
No ano seguinte, ela se tornou a segunda líder mundial eleita a dar à luz durante o mandato, depois da paquistanesa Benazir Bhutto em 1990.
Ela governou a Nova Zelândia durante a pandemia de covid-19 e a recessão subsequente, o tiroteio na mesquita de Christchurch e a erupção de um vulcão na Ilha Branca.
Ardern disse que os últimos cinco anos e meio foram os “mais gratificantes” de sua vida, mas que liderar o país durante crises foi difícil.
“Esses eventos … têm sido desgastantes por causa do peso, do peso absoluto e da natureza contínua deles. Nunca houve um momento em que parecia que estávamos simplesmente governando.”
O líder do Partido Nacional, Chris Luxon, estava entre os que agradeceram a Ardern “por seus serviços à Nova Zelândia”.
Na quinta-feira, Ardern disse que entre as conquistas de seu governo estão mudanças em políticas climáticas, habitação social e redução da pobreza infantil.
Mas ela disse esperar que seu legado na Nova Zelândia seja “como alguém que sempre tentou ser gentil”.
“Espero deixar os neozelandeses com a crença de que você pode ser gentil, mas forte; empático, mas decisivo; otimista, mas focado. E que você pode ser seu próprio tipo de líder – alguém que sabe quando é hora de ir embora”, disse Ardern.
A primeira-ministra da Nova Zelândia Jacinda Ardern fala sobre as restrições do Covid-19 durante uma coletiva de imprensa em Wellington, em 23 de janeiro — Foto: Mark Mitchell/New Zealand Herald via AP