Publicado
2 anos atrásno
*Por Simone Galante, fundadora e CEO da Galunion
Não é de hoje que os cardápios digitais, via QRCode ou tablets, vem ganhando cada vez mais espaço em restaurantes, bares, lanchonetes, cafeterias e outros estabelecimentos que atuam com foco em alimentação fora do lar. Sabemos que, como qualquer outra mudança, é necessário um certo tempo para nos acostumarmos com essa nova realidade. Mas, tal iniciativa vem sendo questionada pelos consumidores saudosos do cardápio físico. Será que o que nos incomoda pode ser bom?
Antes de sua leitura deste meu ponto de vista, vale a pena lembrar que o setor de restaurantes, bares, lanchonetes e similares vive da fidelização de seus clientes, que buscam alimentos saborosos, acessíveis, sem renunciar à qualidade e muitas vezes necessitam de rapidez, e a diferenciação entre os negócios muitas vezes é a hospitalidade. É um setor muito competitivo, com várias opções no mercado. E quando o consumidor não é bem atendido, muitas vezes troca o estabelecimento por outra opção, e é por isso que atender seu cliente com um bom produto e serviço a preços justos é um cuidado muito importante.
Voltando ao cardápio digital, é importante levar em consideração alguns fatores, principalmente relacionados à idade dos clientes. Na 6ª edição da pesquisa Alimentação Hoje: a visão do consumidor, realizada pela Galunion, podemos observar que as novas gerações preferem digitalização e ter autonomia no momento de efetuar o pedido na hora das refeições. Para os entrevistados de 18 a 23 anos, 52% preferem este meio para acessar o menu, 43% para realizar o pedido e 45% para realizar o pagamento. Na faixa etária que vai de 24 a 38 anos, 48% preferem o digital para acessar o menu, 41% para realizar o pedido e 45% para pagar o pedido. Porém, quando considerada as idades entre 39 e 54 anos, apenas 38% preferem acessar o menu digital, 36% realizar o pedido e 42% efetuar o pagamento.
Apesar da preferência do consumidor contar muito na jornada de compra no mercado de Food Service, a implantação de cardápios digitais, como o QRCode, trazem benefícios e vantagens ao setor como um todo, em diferentes frentes. Uma das questões é a praticidade e autonomia, já que é possível acessar as opções disponíveis no menu com apenas um clique, de forma mais rápida, sem a necessidade de esperar pelo garçom. Isso facilita muito a dinâmica principalmente quando o local está com alto volume de pessoas.
Levando em consideração os novos hábitos oriundos da pandemia, trata-se de uma opção mais higiênica se comparado ao cardápio em papel ou plástico, que podem não ser limpos com a frequência necessária ao longo do dia. Esta alternativa também visa questões de acessibilidade, já que na evolução dos cardápios digitais sabemos que é possível ouvir o cardápio em caso de pessoas com deficiência visual, por exemplo, promovendo mais autonomia na hora da escolha. Para aqueles que acham as letras pequenas, basta aumentar a tela por meio de zoom, para facilitar a visualização, ou até mesmo as letras. Para pessoas com baixa visão, os smartphones atuais tem a opção de deixar o fundo preto e as letras brancas, melhorando a leitura. E na questão das pessoas que possuem alergia a ingredientes e precisam das informações nutricionais, podem ter links para facilitar o acesso, que muitas vezes o atendente ou garçom não saberiam explicar.
Talvez você esteja pensando: mas fui em um estabelecimento e o cardápio por QRCode não tinha todas estas funcionalidades. O fato é que a adoção das melhores tecnologias faz parte de um processo constante de aprimoramento do setor.
Uma das melhores vantagens é que o cardápio digital acaba sendo mais ecológico, pois não há a necessidade de ser impresso. Sim, isso reduz custos, o que é importante para os preços do cardápio continuarem a ser competitivos. Mas também traz outras vantagens: o cardápio digital pode ser atualizado antecipadamente a cada mudança de prato, alteração de valores ou inclusão de promoções esporádicas. Por meio do digital, as promoções podem ser aproveitadas de forma melhor e mais ágil, ganhando destaque logo que o consumidor acessa o menu da casa. Há muitos chefs que adotam produtos mais frescos e sazonais, e o cardápio digital facilita a introdução das novidades. No caso do impresso, há uma dificuldade nas alterações, pois há a necessidade de uma nova versão. Ou seja, também há uma redução considerável na produção de lixo e nos gastos com impressão de inúmeras cópias.
Pensando do ponto de vista do estabelecimento, o próprio dono pode acessar, editar e incluir as novidades de maneira prática e dinâmica. Isso possibilita o lançamento de promoções com mais frequência, que acabam sendo uma alternativa mais atrativa e barata aos próprios clientes. Na parte visual, as fotos acabam sendo um destaque a parte, já que, como sabemos, comemos primeiro com os olhos do que com a boca. Assim, as imagens dos produtos também facilitam no momento de escolher o que beber ou comer em determinada ocasião.
Temos ainda o benefício, no cardápio digital, de atualizar os produtos que temos em estoque: aquela bebida que acabou, ou ingrediente, pode ser facilmente atualizado e no cardápio consta apenas o que realmente se tem. Ou seja, sem o consumidor ficar frustrado por pensar em pedir algo e de repente o garçom informa que infelizmente este item não poderá ser servido.
Os benefícios são inúmeros, mas há quem não goste ou não se adapte a esta nova realidade. Para isso, os bares e restaurantes devem sempre prezar pela hospitalidade, tendo o QRCode ou tablet como opção principal, mas ter formas de atender os consumidores que tem alguma resistência ou dificuldade de verificar as opções por meio de uma tela. E isso também pode ser feito digitalmente, com um tablet do garçom que explica o menu. Ou pelos exemplares impressos, que, no entanto, limitam a introdução de novidades, aumentam os custos, são menos higiênicos e podem não ter as fotos que tantos gostam no momento da escolha.
Mais autonomia para uns, incômodo para outros. Porém, as questões que envolvem o quesito sustentabilidade, seja ela no âmbito social, econômico ou ambiental, acabam sempre prevalecendo quando optamos pelo digital. Pode dar um pouco de trabalho para alguns, há necessidade de evoluirmos nas transformações da jornada dos consumidores para quem opta pelo digital, mas é fato de que pode ser bom para o planeta como um todo.
Sou o idealizador do No Amazonas é Assim e um apaixonado pela nossa terra. Gravo vídeos sobre cultura, comunicação digital, turismo e empreendedorismo além de políticas públicas.