O que fazer quando seu filho se sente discriminado pela cor da pele e começa a considerar que esse é um fator decisivo nas questões afetivas? Foi a sensação que teve o empresário Gustavo Bregunci ao ver na última semana a carta do seu filho mais velho, Guilherme, de 9 anos.
“Quando li a carta foi de embrulhar o estômago, uma sensação de me sentir impotente por não preencher todas essas lacunas que ele tem”. O desabafo do empresário foi destaque na reportagem especial do portal G1.
A família mora em Belo Horizonte, e o pai resolveu compartilhar a situação nas redes sociais.
Com 1 ano e 2 meses, Guilherme, uma criança negra, foi adotado por Gustavo e Karina. Com o passar dos anos, Henrique, de 7 anos, e Felipe, de 5, nasceram.
“Sempre fomos bem transparentes com o Guilherme, nunca omitimos nada, e meu filho sempre teve muita facilidade para falar das emoções dele. Desde que as aulas presenciais voltaram, ano passado, ele já vinha levantando essa questão de cor da pele, que era o único com pele escura, era ‘diferente’. Na nossa casa todo mundo é ‘diferente’, os meus caçulas são crianças especiais”, contou.
Gustavo e o filho mais velho têm o costume de conversar todas as noites, e o assunto do racismo estrutural já tinha aparecido. Na última semana, após mais uma conversa, o pai saiu do quarto do menino e foi tomar banho.
Ao chegar ao quarto dele, o empresário viu a carta no travesseiro. Ele foi até o quarto da criança, mas Guilherme já estava dormindo. No outro dia de manhã, Gustavo deixou com a companheira a resposta para ser entregue ao filho. “O papai te ama muito exatamente do jeito que é!”, diz um trecho da carta.