Publicado
12 meses atrásno
Por
Jussara Melo
A parte da capital de Alagoas pode afundar a qualquer momento, e por conta disso já decretado, pela Prefeitura de Maceió, situação de emergência em função da possibilidade de desabamento de uma mina da Braskem. Cinco bairros da cidade foram esvaziados, inclusive com um hospital sendo desativado, nos últimos dias.
De acordo com especialistas, é possível que uma cratera do tamanho do estádio do Maracanã se abra no local. Para piorar, ela provavelmente seria inundada, formando um lago com profundidade de 8 a 10 metros.
Após constatados os problemas, a Braskem iniciou um processo de fechamento e estabilização de 35 minas na região. No entanto, cinco tremores de terra foram registrados somente no mês de novembro deste ano, levando a Defesa Civil de Maceió a emitir um alerta para o risco de colapso em uma das minas.
Especialistas indicam que há uma grande probabilidade de desabamento, o que afetaria também outras duas minas vizinhas, formando uma cratera gigantesca. Além disso, a água da lagoa próxima ao local, terra e detritos seriam escoados para dentro desse enorme buraco, formando um verdadeiro lago com profundidade de 8 a 10 metros.
A extração de sal-gema, utilizada na fabricação de soda cáustica e PVC, começou na década de 1970 em Maceió, pela Salgema Indústrias Químicas S/A, que se tornaria a Braskem. Havia autorização do poder público para a operação.
As primeiras rachaduras surgiram em fevereiro de 2018, sendo uma com 280 metros de extensão. O primeiro tremor foi registrado no mês seguinte, causando rachaduras e crateras no solo, além de danos em imóveis.
O Serviço Geológico do Brasil (CPRM) confirmou em 2019 que a instabilidade no solo foi causada pela mineração. Em junho de 2018, iniciaram-se as evacuações nos bairros do Pinheiro, Mutange e Bebedouro. A ordem se estendeu a parte do Bom Parto e do Farol.
Até agora, mais de 14 mil imóveis precisaram ser evacuados, com cerca de 55 mil pessoas afetadas. Desde então, a Braskem iniciou o processo de fechamento e estabilização das 35 minas espalhadas por Mutange e Bebedouro, com profundidade média de 886 metros.
No mês de novembro, 5 tremores de terra constatados pela Defesa Civil levaram a um alerta de “risco iminente de colapso em uma das minas”, a de número 18, que fica próxima à lagoa Mundaú. O fenômeno pode afetar outras duas minas, formando uma cratera que caberia o estádio do Maracanã.
O colapso se confirmando, a Defesa Civil afirma que o fenômeno tornaria a água da lagoa salgada, a região sendo impactada “de forma bastante trágica”.
Estão em Maceió equipes da Defesa Civil Nacional e do Serviço Geológico do Brasil, além de ministros do governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). O governador Paulo Dantas (MDB) afirmou que “esse desabamento pode ocasionar a formação de grandes crateras.
O prefeito do município, João Henrique Caldas (PL), decretou estado de emergência por 180 dias desde a quarta-feira e instalou um gabinete de crise para lidar com a situação.
A Braskem afirma que “a área de serviço da empresa, onde são executados os trabalhos de preenchimento dos poços, está isolada desde a tarde da terça-feira, em cumprimento às ações definidas nos protocolos de segurança”.
“Todos os dados colhidos estão sendo compartilhados em tempo real com as autoridades.”
A empresa também diz que 99,3% dos imóveis da área de risco já foram realocados desde novembro de 2019.
Ainda segundo a Braskem, os dados monitoramento demonstram que a acomodação do solo segue concentrada na área desta mina e que há dois cenários possíveis.
“Um cenário é de acomodação gradual e estabilização; o segundo é uma possível acomodação abrupta.”
De acordo com informações de moradores dos locais afetados, a Defesa Civil chegou nos locais comprometidos na madrugada desta sexta-feira (01/12) pedindo que os moradores deixassem suas casas. A ordem foi determinada pela Justiça na noite da última quarta-feira (29/11) para que fossem retiradas famílias das áreas de risco do desabamento da mina 18, localizada na Lagoa Mundaú, no bairro do Mutange. Nela, porém, estava a recomendação da saída de pessoas localizadas no Bom Parto.
De acordo com nota da Defesa Civil de Maceió, divulgada na manhã de sexta-feira (1/12), o deslocamento vertical acumulado da mina 18 é de 1,42 m e a velocidade vertical é de 2,6 cm por hora. As comunicações pedindo precaução começaram na quarta, com SMS e avisos à população, além de visitas do órgão às casas.
“Vocês precisam sair ou serão presos”, era o aviso dos agentes da defesa civil, segundo moradores das áreas. Ainda segundo os moradores, as famílias foram obrigadas a deixar suas casas por conta do risco de colapso, somente com a roupa do corpo.
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