Um médico obstetra identificado como Allan Henrique Fernandes Rendeiro, que atende na Maternidade do Povo, em Belém, no Pará, viralizou num vídeo que circula pelas redes sociais assediando e coagindo uma mulher que tinha acabado de dar à luz na unidade de saúde. Nas imagens o médico fica insistindo que a mulher diga que irá votar em Jair Bolsonaro.
O obstetra insiste na coação enquanto manipula o recém nascido, a angustia e o mau estar da mulher que acabara de dar a luz é perceptível com a insistência do médico. Além da mãe do bebê o médico zomba do marido da paciente que está com uma bata vermelha, relatando que o pai disse que votaria no Lula.
“Eu sou Gael, já nasci 22 e vou votar no Bolsonaro… Eu vou começar a reclamar aqui no hospital para diferenciar o negócio do pai, eles botam uma roupa vermelha… O doido não vem dizer que vai votar no Lula… Rapaz, tu quer que eu vá já embora e nem opere ela”, diz o médico ao casal, poucos segundos após o bebê vir ao mundo.
Médico bolsonarista grava vídeo em hospital assediando mulher no parto
Na sequência, Rendeiro insiste na intimidação e repete para os dois que eles devem votar no candidato radical de extrema direita.
“Essa aqui é a mamãe do Gael, dia 30 ela vota 22… Vou mandar pro Bolsonaro esse vídeo, que ele está em uma live especial”, repete o profissional, para um olhar constrangido da mulher.
As imagens revoltantes foram divulgadas pelo próprio médico nas redes sociais, mas foram apagadas após as primeiras repercussões negativas sobre o caso, na noite de sábado (22/10).
O médico que protagonizou as cenas lamentáveis disse em nota desconhecer a acusação, citando também dados sobre sua carreira.
De acordo com nota o médico ele teria dito que já realizou mais de 5 mil partos em 40 anos de exercício profissional, e que desconhece o tal vídeo e seu teor. “Agora a pouco verifiquei o aplicativo onde publico vídeos sobre o nascimento de crianças que tenho a felicidade de fazer o parto e pergunto aos pais se existe alguma objeção sobre publicar os vídeos. Existem centenas de vídeos publicados e não se coadunam com os dizeres a mim atribuídos”, diz a nota .
A vereadora Lívia Duarte (PSOL), de Belém, que é deputada estadual eleita no estado do Pará, comunicou em suas redes sociais que já oficiou um pedido de abertura de investigação sobre o episódio, e classificou a conduta do médico como “assédio e ameaça direta à integridade da paciente”.
Veja o vídeo: