“Não queremos mais morrer”. É o que disse Viceni Waiãpi, coordenador das aldeias dos Waiãpi, ao relatar o ataque de 50 garimpeiros à terra indígena no Amapá na tarde da última sexta-feira 26. Pelo menos uma liderança foi morta: o cacique Emyra Waiãpi, de 68 anos. “Ele foi morto a facadas. Várias facadas no corpo dele, inclusive no pênis. Foi muito feio”, contou o coordenador em áudio enviado ao fotógrago Apu Gomes.
Índios Waiãpi pedem socorro após assassinato de Cacique por garimpeiros – Imagem: Divulgação
O fotógrafo trabalha com os índios há alguns anos e os acompanhou a uma recente viagem a ONU, em Nova York, para pedir ajuda às autoridades. “Meu último contato com ele foi por volta das nove da noite. Depois acabou a bateria do celular dele, e ele estava se locomovendo para uma região sem sinal de telefone”, conta.
Viceni Waiãpi conta que os garimpeiros continuaram na aldeia após o ataque. “Ainda estão lá. Atirando muito na estrada, com espingardas e armas pesadas. Não conseguimos diálogo com eles. Estamos com muito medo”, conta. “Eles estão ocupando pequenas aldeias durante a noite, agredindo crianças, mulheres. Eles também tem cachorros.”
“Precisamos muito de apoio. Não queremos mais morrer. Queremos paz. Estamos tristes e revoltados com o que está acontecendo”, apela o índio.
Equipes da Polícia Federal e do Batalhão de Operações Especiais (Bope) chegaram à região na manhã deste domingo (28/7). De acordo com um memorando da coordenação regional da Fundação Nacional do Índio (Funai), a invasão à região começou a ocorrer no último dia 23, terça-feira, quando foi confirmada a morte do cacique Emyra Waiãpi.