Em Santa Rosa do Purus, caçadores se estendem por toda parte na época em que as formigas Tanajuras surgem aos milhares da terra
As crianças saem da escola e começa a correria para uma área de floresta que fica ao lado. Muitas perdem o medo e entram na mata. Todo o esforço é para pegar as formigas conhecidas como “tanajuras” que também são chamadas de “formiga de roça”.
Na chegada das chuvas, as fêmeas saem para o voo nupcial. Eles vão se acasalar e criar um novo formigueiro. A maioria não vai conseguir.
Em Santa Rosa do Purus, uma das cidades isoladas do Acre na fronteira com o Peru, a tanajura é uma iguaria. As crianças vão enchendo sacos e garrafas peti. O que interessa é a parte traseira bem protuberante que só a fêmea tem. Os caçadores separam a bolota do resto do corpo.
As formigas-macho não voam e são as que mais atacam os caçadores. Chegam a cortar a pele. Mas, esse não é motivo para desistir da captura. Até porque o fenômeno do voo da tanajura tem data marcada.
Por toda a cidade, as ruas estão cheias de caçadores. É uma festa. As crianças acompanham os voos da tanajura de um lado para o outro.
Onde um ninho é descoberto, forma-se um pequeno grupo de caçadores. Os menores levam pedaços de pau para abater as formigas que tentam fugir. Os adultos também estão de olho. Esse é um prato preferido de muitos moradores de Santa Rosa do Purus.
A receita para se comer tanajura é simples: lava as bolotas de gordura, coloca sal a gosto e leva para o óleo quente. Quando está fritando a bolota solta uma gordura. O calor vai expondo a gordura em si. Cinco minutos de fogo é só colocar a farinha levar ao prato e servir.
O gosto é de torresmo. É preciso comer devagar sentindo o sabor, até porque o novo voo das tanajuras só no ano que vem. A captura, o preparo da tanajura e a degustação são comuns em diversos estados nas regiões Norte e Nordeste. Segundo especialistas, o alimento já faz parte da rotina dos povos indígenas há bastante tempo.