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9 anos atrásno
Tucuxi é Boto? A rigor, não. O Tucuxi não é boto. Não existe boto tucuxi. Boto e o Tucuxi têm tanta diferença entre si que não podemos nem falar que são de espécies diferentes. Na verdade, eles são de famílias diferentes, o que os torna ainda mais distintos.
Apesar de habitarem quase que os mesmos locais nos rios da Amazônia, o Boto pertence a família dos Platanistídeos, Já o Tucuxi pertence a família dos Delfinídeos.
Não se trata aqui de “dar nome aos bois”, mas sim de constatar que boi é diferente de cavalo.
O Boto é bem maior que o Tucuxi, pois tem o corpo arredondado e arqueado por isso recebe o nome de boto (do latim botul em forma de salsicha e arqueado), além de não ter a barbatana dorsal.
O tucuxi é menor, tem forma de torpedo e apresenta uma boa barbatana dorsal. O Boto(Inia Geoffrensis) pode crescer até 3 metros e pode pesar até 160 quilos, enquanto que o Tucuxi (Sotalia Fluviatilis) dificilmente passa de 1,5 metro e 40 quilos de peso. As fêmeas dos Botos são menores que os machos. Por outro lado, a fêmea do Tucuxi é maior que seu parceiro do sexo masculino.
Os dois animais emitem sons em frequências diferentes, sendo o Tucuxi muito mais “falante” que os botos propriamente ditos.
A rigor da ciência, não faz sentindo algum termos uma competição entre os “botos” Cor-de-rosa e Tucuxi no Sairé de Alter-do-chão.
A família dos Tucuxis pode viver no mar, como é o caso dos golfinhos. Os membros da família dos botos (platanistídeos) não vive no mar ( com exceção de uma única espécie que vive na costa brasileira, Uruguaia e Argentina).
O boto chegou na Amazônia há cerca de 15 milhões de anos, possivelmente vindo ainda do pacífico, sendo que o Tucuxi chegou bem mais tarde.
Por isso, o boto é bem mais adaptado ao ambiente amazônico. Nada por baixo do capim e se locomove muito bem por entre galhos e arbustos, pois não possui as vertebras cervicais fundidas que o permite mover o pescoço para cima, para baixo e para os lados.
O Tucuxi não se aventura por entre troncos e embaixo de capim, pois tem as vertebras cervicais fundidas e muito pouca mobilidade de seu pescoço.
Geralmente quem ataca as malhadeiras dos pescadores é o Boto e não o Tucuxi.
O boto cor-de-rosa (ou boto vermelho para os caboclos) nada mais é que a forma mais madura, envelhecida do boto cinza. Embora muitos fatores possam influenciar na coloração dos botos, a maturidade parece ser a principal.
Da mesma forma que o homem vai ficando de cabelo branco com o decorrer da idade, a maioria dos botos vão mudando a cor do cinza para o vermelho ou cor-de-rosa, como definiu Jacques-Yves Cousteau.
Ambos são da mesma espécie (Inia Geoffrensis).
Alguns, erronêamente, chamam de Tucuxi para o Boto (Inia Geoffrensis) jovem só pelo fato deste ser cinza, semelhante a cor do pequeno Tucuxi (Sotalia Fluviatilis), o qual não varia muito de coloração com o decorrer da idade.
A maior semelhança entre Boto e Tucuxi está na triste realidade dos dois estarem sendo ameaçados por pescadores inescrupulosos que usam esses animais como isca para a pesca da Piracatinga (Calophysus macropterus).
Quando não são vítimas de arpões, anzóis e malhadeiras, o Boto e o Tucuxi podem morrer de pneumonia, infecção de pele ou alterações renais pela poluição cada vez mais presente nos rios da Amazônia.
Mas, como não vivemos sob a égide só da ciência, o conhecimento popular, o folclore e mesmo a medicina tradicional assumem um papel preponderante na vida do amazônida.
Por isso, chamamos de boto para o Tucuxi e para o cor-de-rosa.
Colocamos tudo num saco só e curtimos o Sairé de Alter-do-chão, sem nos darmos conta da competição tão injusta, segundo os conhecimentos científicos, entre “ os botos”.
Por outro lado, nosso caboclo sabe e tem “evidências “ de sobra para afirmar que Piraíba é diferente do Filhote.
Já pelos conceitos científicos os dois peixes pertencem a uma espécie única (Brachyplatystoma).
Algum dia, a ciência talvez demonstre que são peixes de espécies diferentes, assim como nossos antepassados afirmam há muito tempo.
Ciência e sabedoria popular devem caminhar em cooperação, mas devemos tentar evitar ao máximo a confusão.
Neste sentido, a nossa região Amazônica é riquíssima em conhecimento – e também em desconhecimento – sobre si mesma.
Conhecer a linguagem da ciência, do popular e do folclórico é um campo fascinante por estas bandas.
Podemos até acreditar que uma moça está gravida do boto, mas não custa muito saber qual o DNA que iremos solicitar: de Boto ou de Tucuxí?
Sou o idealizador do No Amazonas é Assim e um apaixonado pela nossa terra. Gravo vídeos sobre cultura, comunicação digital, turismo e empreendedorismo além de políticas públicas.
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